Contrastando
com muitos que dão pontapés na bola, seguidos em regra por outros chutos na
gramática e outros tantos, ou ainda mais, na imodéstia pessoal, os que batem
nela com um pau deram-nos hoje uma lição de sabedoria. São hoquistas campeões
do mundo e, nesse regaço interior, foram homenageados pelo Presidente da
República. O que este último lhes transmitiu foi importante, não nego. Porém, o
que quero agora sublinhar, no que a estes jogadores diz respeito, é o afago na
atitude, a doçura no português usado, a sinceridade simples do que disseram e,
em particular, o pensamento na fronte. Límpido, sem os costumados lugares-comuns,
jargões e outros que tais infelizmente adoptados pelo futebol cá do burgo. É
caso para dizer que quando a ajuizada consciência se despe da egocêntrica arma
da vaidade, quantas vezes provadamente inútil, só pode moralizar a vitória e
honrar o desporto. Seria excelente a assimilação deste exemplo de campeões por
parte do nosso futebol que, indiferente, nos títulos rotos do seu “direito”,
insiste em descarga sobre descarga que rasgue o adversário e lhe incendeie o
horizonte. Deveria, esse futebol cercado nas suas antigas imoderações, tomar
para si a lição do hóquei. Mas enfim, digamos que já se viu quanto vai do
aprender aparente ao aprender real.
Mário
Rui
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