Gostamos
muito da nossa selecção de futebol. É nacional e está tudo dito, mas, pela
santa, haja alguém que ponha mão ao desvario (des)informativo que assentou
arraiais na imprensa portuguesa. De tal sorte que o salve-se quem puder se
exprime neste momento através da constante falta de oportunidade e de seiva
relativamente ao que se vai noticiando. Liga-se a TV e é futebol de lés-a-lés.
Selecção para a frente, jogador para trás, treinador para o balneário,
dirigente para a decisão, poetas de futebol, comentadores visionários. Imprensa
em tudo e de tudo fala, a tudo opina, todos sabem e prante-se então câmara
perscrutadora que nos mostre a nitidez dos grupos plásticos em cena. Na rádio,
não se vê, já é uma vantagem, mas ouve-se também. No periódico, não se ouve,
também é uma vantagem, mas cresce, cresce muito, infelizmente, o que se lê. É
uma desvantagem. Horas a fio, páginas a perder de vista, maravilhas únicas de
‘savoir faire’. A coisa é em França, não é? Imprensa que nos ocupa horas
intermináveis entretida a caçar sons, imagens, palavras que nos hipnotizem os
ouvidos e olhos. Tanta fantasia e tão pouco sentido não fazem outro ponto de
vista que não seja mero efeito orquestral. E a forma eterna de tudo isto,
existe! Eu gosto de futebol, muito, mas este teatro assim feito é periodicismo
a mais, muito longo para as dimensões actuais deste panfleto futebolístico.
Menos criação cénica, no mínimo contada em metade destas horas, talvez antes
feita em jeito de telégrafo, não nos faria perder o pé e a paciência para aturar
a tal forma eterna desta representação. Charivari que se arrasta pelos dias do
nosso temperamento de espectadores. Nós, que afinal só pedimos à equipa que
ganhe, singelo apetite, teremos de continuar a assistir a estas porções de
sonhos que emanam desta imprensa cismada, chata?
Mário
Rui
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