Tantas têm sido as patifarias
que muitos lhe dedicaram ao longo dos anos que, só espero, apesar de tudo, que
um dia Abril não nos diga “matem-me mas não me chateiem ”. Não estou
desmerecendo do esforço dos bons da revolução dos cravos, apenas pretendo
lembrar os imbecis que movendo a liberdade da esfera da igualdade e do bem
comum, a empurraram frequentemente para o âmbito do interesse pessoal. Em vez
da ordem das razões de todos, limitaram-se a uma operação de aritmética
dedicada a buscar a mera soma das parcelas individuais. Assim, quanto mais
baixa a qualidade das ideias, mais Abril se condena. E Abril não era para isto.
Abril era um pretexto moralizante. Ainda vamos a tempo de o conseguir? Talvez,
mas só quando esta gente for capaz de devolver-nos um vestígio que seja de
compostura. Como fazê-lo? Denunciando-os, porque sendo Abril o primeiro dos
nossos direitos, Abril não tem de esperar que este estado de coisas se torne
insuportável.
Mário Rui
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