Editorial jornal i – 13-12-2013
Eduardo
Oliveira e Silva
É
inaceitável os pensionistas receberem 12 parcelas ou mais de acertos de IRS
Em Portugal, ninguém sabe exactamente com o que conta na sua relação com o Estado. Todos os anos mudam fórmulas de cálculo disto e daquilo, o que mina a confiança, tanto mais que é sempre em prejuízo do cidadão comum. Basta lembrar o método de estabelecimento do IMI, em que as finanças não hesitaram em fazer contas de permilagem com base no Google, o que é, no mínimo, escandaloso, além de potenciar erros graves e de ignorar as instâncias depositárias dos números oficiais.
Mais
recentemente, há milhares, para não dizer milhões, de reformados e aposentados
que ficaram estarrecidos quando se aperceberam dos cortes que estão a sofrer
numa espécie de sucedâneo de subsídio de Natal que lhes tem vindo a ser
depositado.
Primeiro,
foram os pensionistas do Estado que foram apanhados por acertos que levaram à
introdução de cerca de uma dúzia de parcelas de reduções acrescidas de IRS, o
que, na prática, lhes retirou uma média de 200 euros por cada mil. Agora está a
acontecer rigorosamente o mesmo com os reformados da Segurança Social, sendo
que os primeiros ainda têm direito a um recibo discriminado e os outros nem
isso, em mais uma absurda e lamentável falta de consideração e respeito.
Tudo
isto aconteceu porque o governo inventou, no tempo do inenarrável Vítor Gaspar,
uma forma de ilusionismo ao aplicar o pagamento através de duodécimos, para
amaciar os cortes e criar em cada um a ilusão fantasiosa de que não tinha
perdido tanto como, de facto, perdeu. “Com papas e bolos…”, julgava quem
decidiu.
De
habilidade em habilidade, em jeito do que o povo chama esperteza saloia, o
facto é que, hoje, já ninguém sabe com o que conta mensalmente, o que afecta a
lógica da estabilidade, que é um pressuposto económico absolutamente
fundamental para qualquer sociedade.
Situações
como esta que estão a viver os reformados portugueses e, em muitos casos, a
generalidade da população são dignas do terceiro mundo e seriam absolutamente
impensáveis em países europeus da Europa do euro, se exceptuarmos talvez a
Grécia.
Mário
Rui