Nunca
fui um especial admirador de Bob Dylan enquanto cantor, confesso, mas se a isto
juntar a catrefada de indignas e grotescas perorações que já lhe foram
dirigidas, também elas vindas de lusos rouxinóis que por cá cantam rusticidades
montesas, tenho de concluir duas coisas; primeiro, que essa plumagem arruivada
no dorso que tanto critica a atribuição do prémio ainda não conseguiu fórmula
oral com que exprimir o seu próprio pesadelo interior. Segundo, que essa espécie
capaz de se arquivar a si própria como obra de arte, coitada, deve conhecer
muito bem Mo Yan, Tomas Tranströmer ou até Elfriede Jelinek. Ainda bem que o
laureado é Dylan. Posso não morrer de encantos quanto à forma como cantas, Bob,
prefiro Cohen, mas sei que és uma biblioteca por ler. Chega-me! E parabéns,
apesar de gostar mais do Leonard.
Mário
Rui
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