"Se
um dia eu não te levo à América, nem que eu leve a América até ti"
Entre
o vir e o voltar a ir há um espaço temporal que se vai contando à hora e que
mais se parece com o de alguém que, na ânsia do gozo de uma outra liberdade, só
espera o instante em que se produza o facto. Pisar de novo solo do Tio Sam. No
mais das vezes, foi lá que à força de trabalho e economia, a sorte ajudando um
pouco, se juntou alguma riqueza. Hoje, mesmo sendo o sonho chão que já deu
vinha, a América não foi esquecida por muitos dos que por lá fizeram vida.
Agradecidos, certamente, à terra que os acolheu, os meus patrícios, chegados ao
último quartel da vida, peregrinam agora sem trabalhos nem canseiras até ao
outro lado do Atlântico em visita de abraços aos que por lá ficaram. É um
preito aos companheiros de labuta que lhes seguiram os passos, mas também será
o querer dizer-lhes que mesmo sendo-se de uma Pátria determinada, se pode
sempre tirar muito proveito de outras, conforme as circunstâncias. “Vou para a
América”, foi o lembrete que casualmente encontrei num calendário pendurado na
parede de uma espuma do nosso oceano, vila da Torreira, pois claro, e que me
aviva duas coisas; da América, têm os meus próximos, agora regressados, uma
alegria e um repouso. A outra coisa que me aviva, anima, é saber, eu, mas
igualmente eles, que não há cheiro a flores que se compare ao aroma do nosso
mar. E sem saber qual foi a mão que escreveu o lembrete, sei lê-lo à minha
maneira e é assim; um português radicado na América e voltado à
terra-mãe, quando se trata de honrar as tradições dos que o ajudaram, é sempre
um português de maior idade. Vivido, sabido e agradecido!
Mário
Rui
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