Existe
uma instituição chamada tempo? E o que faz ela? Mede-nos a existência ou tão-só
há algo de errado com o tempo? É uma série ininterrupta e eterna de instantes?
Todos os dias o tempo vem e o aspecto é quase sempre o mesmo ou será antes um
jogo que, por vezes, esconde as suas intenções? Mas será que o tempo exige
análise mais detida ou afinal somos os que não damos privilégios ao tempo? Tem
este tempo prazos que nos cansam tanto o desejo na paciência de aguardar por
ele ou dele só nos fica um tormento desesperado de o esperar? Por agora só digo
que não me atrevo a perceber-lhe o futuro pois acho que me ia faltar tempo.
Assim, pela distância tão longínqua de tão distantes e desconhecidos tempos,
limito-me a trocar de tempo; dou um passo em frente e logo passo outro atrás
como que se num lapso temporal não tivesse existido tempo. E quanta gente terá
já vivido na gentilíssima virtude de tempos prometidos? Não sei, mas do que já
disse e não disse ficará por certo mais fácil não entender o grande enigma que
é o tempo. Já é uma esperança porque há um tempo que nunca deve ser ponderado e
de onde segue então o acatamento dos horizontes do tempo, enfim momentos do
presente que formos vivendo.
Mário Rui
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