Como
eu gostaria de ver tanta gente a juntar a documentação necessária para
comprovar que teria direito, no mínimo, a um desabafo na palavra. Mas nem isso
pode ter, sequer se pode queixar sobrando-lhe tão-só lamento que pulverize
cóleras e amarguras que talvez sirvam para atenuar os mitos e as visões do bizarro
desta e de outras decisões. O que depende de alguns, basta querê-lo com decisão
e é possível obtê-lo. O que me causa ainda mais horror, é perceber que o
refinamento decisor já junta dois em um, coisa assim como que tomem lá esta
fecunda e inebriante adição pois dela não virá certamente vozearia que
perturbe. Some-se então um messias de direita e um outro de esquerda e todo o
mundo cala a boca. Assim, a nova arte de tomar medidas, que evite o enredo, permite
a trama “ingénua” dos factos e troca-a por uma subtilíssima miríade de boas
vontades que a todos emudece. Então e agora já não há esquerda que proteste nem
direita que se revolte? Já não são obscenos vencimentos assim dados e nascidos
do erário público? O vértice desta arte está atingido! Consegue-se o
extraordinário no patológico. Pois é, há pessoas capazes de se interessarem por
um trabalho que se sabe quanto rende; o difícil é apaixonarem-se pelo que dá
menos. Mas culpa tem quem permite tal, pois tem muita piedade com alguns e
esquece sempre os que se aborrecem com coisas gozadoras. Daqui, a incapacidade
de dar-se o grande passo renovador. À fava esta necessidade infantil de
“ingenuidade” na invenção.
Mário Rui
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