Desculpem-me
o anual afoitamento mas afinal de quantas sarroncas se compõe a tradição do meu
país? Bruxas, vestes rasgadas, reluzentes chapéus fatídicos, gritos de dor,
lança em punho, quando não espada desembainhada, tudo isto é memória ancestral
da minha comunidade? Defendam-nos os deuses se um dia alguém tiver de perguntar
aos vindouros onde estão os descendentes e os representantes das antigas tradições
portuguesas. Americanizamo-nos? E depois? Desaportuguesamo-nos? Cortamos
tolamente o fio da nossa história? De quantos sumos é feita esta importação
tétrica, de trevores, ainda por cima encenada pelos mais pequenos? Não haverá
coisinha mais virtuosa vinda do lado de lá do oceano? Coisa assim de pezinho
leve, olhar travesso e sorriso tentador. É a isto que se chama infância e
adolescência, que aos ditos também encanta e aos cotas toca meigamente durante
o correr inteiro desses anos. Tanto melhor se risonhas fadas, muito pior se rua
cheia de dramas julgados humorísticos e de tridentes em riste.
Mário
Rui
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