Quando
é verdadeiro, quando nasce da necessidade de ecoar forte, o rufar não encontra
quem o detenha. E quando se trata de honrar as tradições dos seus maiores,
também o relógio do tempo como que retrocede venerando saberes só de
experiências feitas. E por aqui ficam muitos anos antigos, soma bonita feita
com parcelas de um ou mais séculos de história. Assim eu pudesse voar até ao
sítio aonde agora me leva o pensamento. Sem cansaço de maior, até junto dos que
viveram outrora na minha terra. E não se trata de fazer recair em mim os
hábitos de coisas velhas pois, muitas vezes, foram certamente ancianidades
também elas de pouca monta. O propósito é dar nota de uma desmemória que não
pode ser eterna, já que tenho pressa em dar revisão, muito mais entusiástica do
que céptica, do que foram vivências das quais jamais me despedirei. Imaginoso,
como todas as pessoas que amam muito, vejo-me aquecido nesta atmosfera de
lembranças em que se vaporizam perfumes que ainda hoje são refúgio do meu
viver, tal é o aroma de fragâncias, mas muito mais de significâncias, que me
envolve. Vi-me num passado do meu frescor, e tive saudades dele, e apetece-me
mostrar gratidão a esses meus amadores anos. No entardecer da vida, a saudade
refina-se. Dirão uns que é tolice, digo eu que futura- se-me isto! E quanto
mais louco o mundo se torna, mais eu gosto da minha ´comunidade’ simples,
pequena, mas afável. Dos amigos de ontem mas também dos de hoje! Ainda mantém,
essa comunidade, ressonância profunda dos valores que me ensinou, tudo coisas
transmitidas por caras, carácteres, usos, costumes, tesouros que ainda agora
conferem a este lugar ora dito urbano um toque simpático que eu adoro. E
protege-me das taras da massa. E era só isto o que tinha para vos dizer.
Mário
Rui
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