A
impenetrabilidade do absurdo
Se
não existisse em mim, adormecido que seja, o sentimento da caridade cristã ou
da salvação pela cura ou da honra de ser PAI de bons conselhos a tempo inteiro
e dedicado, inutilmente passariam sob os meus olhos estas completas
impenetrabilidades do absurdo. Mas em mim, os absurdos não apenas exaltam em
palavras o nada, como antes os produzem. É por isso que não posso compreender
este parecer do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, ou seja,
abrangê-lo e abrigá-lo como portador de um valor incorporável ao sentido das nossas
vidas de progenitores. Há gradações do absurdo tão diversas e não raro tão
hostis entre si, que nada parece haver entre elas de sensato. E quando isto se
plasma, “Pais não têm de ser informados sobre problemas de saúde sexual dos
filhos menores”, sendo a indignação o primeiro dos direitos, não há que esperar
que o estado destas coisas se torne insuportável. Um anseio momentâneo ao
estatuto de norma deste tipo, só merece uma apreciação; se a psicologia destes
empíricos se revela impotente para nos dar uma boa razão para este parecer,
então teremos de avaliar bem a psicopatologia desta gente, no mínimo para
tentarmos perceber a hipótese de uma epidemia de cogumelos alucinogénios no
interior destas “mentes brilhantes”. Afinal, para instaurar a tirania do absurdo
só é preciso que se deixe em si como que a sombra de um pesadelo!
Mário Rui
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