E
depois, quando vier uma solidão, quando a noite mostrar o negrume do seu manto,
quando chegar a bruma espessa e turva, quando tudo esquecermos e isso for uma
obsessiva necessidade de compreender, quando abismar ou soçobrar for uma
absoluta letargia mental, se não dormir com muitos sonos for regra, então
depois talvez uma enxurrada de chuva grossa de vida vivida seja apenas o último
dos refúgios onde repousarão profundos e experimentados olhos feitos de um
tempo de taciturnidades. Quiçá momentos em que o autor reflectirá na obra de
sua autoria, sendo por fim chegada a altura de nem louvar nem deplorar mas
apenas da entrega à própria sorte. Raios, como age resoluta a natureza quando
atingida a meta da sua criação. E assim se partilhará a vida das coisas e assim
se ficará sujeito às mesmas leis que controlam as marés, as estrelas, os dias,
talvez os números e mesmo as quantidades. Tudo princípios não compreendidos,
desajustados, sendo certo que lá p’ró fim da jornada já não haverá sequer um
lampejo de direitos no espírito de um velho capitão mesmo que ainda se queira
ordem no navio. Fosse ele até corsário, o capitão!
Mário
Rui
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