Com o devido respeito pelos que precisam de
trabalhar, actores e actrizes, só espero que nunca lhes falte o emprego e que
continuem a fazer aquilo que sabem fazer mas, por favor, não se voltem a meter
em alcovas cinematográficas julgadas fáceis quando entregues à rota corrente de
um qualquer realizador que julga ter agora descoberto uma panela de riso e
dinheiro no quintal. Há filmes sagrados, como o “O Pátio das Cantigas” de 1942,
e outros que tais, que nunca deveriam ser votados ao desvanecimento pelintra
mostrado na versão 2015 do mesmo título do senhor Leonel Vieira.
Imagino só como se sentirão, onde quer que
estejam, António Silva, Vasco Santana, Ribeirinho, António Lopes Ribeiro e
demais envolvidos naquele que foi e é, a par de outros, um dos clássicos do
cinema português. Certamente afogueados e perplexos perante as actuais concepções
alucinadas de cineastas que da profissão apenas fazem quebramentos pesados da
sétima arte nacional. Viva a reinação, vale tudo e até um par de botas! Agora
já só falta dar outra encadernação aos filmes que ainda sobram dignos desse
nome como “O Grande Elias”, “A Canção de Lisboa”, “O Costa do Castelo” e entretanto
não se esqueçam também de maltratar Manoel de Oliveira. Isso é que nos faz
falta. Do resto, dos pavores imensos e dos soturnos fantasmas que nos querem
impingir, nós tratamos! Mas matem antes o génio incomodativo dessa gente que
tão boas fitas deu à arte e mostrem-nos então a vossa actual diversidade mais
curiosa e frisante. Essa é que é boa e é ela que nos vai fazer rir, para não
chorarmos de desgosto!
Mário Rui
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