Não
sei se terei percebido por inteiro a coisa. Mas então o que acontecerá a um pobre ser quando for alvo de piropos,
picantes mas inofensivos, lançados por uma qualquer voz do tipo impertinente na
monotonia da sua aturada abstinência sexual? Vai o dito para a cadeia pensando
apenas na cor dos seus desejos insaciáveis? Acho injusto! O que é belo de ver é
que, sob esta vitalidade legislativa, continuamos quase todos católicos. E a fé
pode muito. Bom, mulheres e homens não sejam safados; pelo sim, pelo não, excluam
sempre o sexo das “bocas” foleiras, mesmo que inócuas. “Bocas”, ditas, leia-se!
Fico até pensando que o novo ano não vai ser um ano novo. Será porventura nenhum novo significado, nem velho. Um ano, só! Pois, como é possível fazer o que não se compreende? Há sempre a injunção de lubrificar a dobradiça do irrisório reino, ou talvez farta corte que virá, e em não havendo mordomo especial que o faça, ficamo-nos por um discurso pontificante de futuro quotidiano salpicado de catálogos intermináveis de lustres e toalhas de linho. Aí repousaremos o tempo que se nos for oferecido e sobre ele confessaremos a nossa vontade de ver que tudo o que muda tem alma e é dotado de intenção. Mas claro, não há ninguém mais orgulhoso, sensível, mas também instável, que o ano que se segue. É um totem que ainda não serviu ou serviu pouco. Principiante, nascente, inexperiente, continua a acreditar que não está aqui por acaso e que deuses na sua maioria benevolentes zelam pelo seu destino. E deuses somos todos nós, mesmo sem a certeza de termos compreendido a totalidade do seu saber. E num belo dia, só com um olhar, julgamos então ter interpretado bem as leituras esparsas que fomos fazendo. Parágrafos em que o essencial nos foge, esquivos como o sol de inverno, escapam-nos cada vez mais, e essa é a altura em que parecemos velhos loucos que acreditam estar de barriga cheia só porque demos uma vista de olhos rápida ao cardápio dos dias. Cuidem bem do Ano que aí vem porque essa aptidão há-de fazer dele, apesar de tudo, tempo amigo. Deuses, somos nós e como não há desafio que não consigamos enfrentar, então que venha o nascente 2016. Com génio, rigor, loucura, o que for, pois nós faremos o possíveis por lhe despertar os sentidos conspirativos que nos esperancem de prazer, saúde e amizade. Tudo dissolvido na extraordinária suculência dos humanos! Sem tirar nem pôr, um velho Ano Novo atulhado de coisas banais mas especialmente certas para toda a gente. A bem dizer, anos e homens, somos todos parecidos. Chega bem, 2016. E em querendo que te digamos que foi um ano fantástico, vê se nos cuidas! Bem precisamos.
Mas, tal como é, o mundo não é feito paras as distâncias. Na quietude das velhas amizades, é a proximidade que tece sinais amigos, que mostra um rosto amigável, em geral risonho. O perto, é uma dessas raras criaturas!
David Duarte morreu porque a
equipa médica que o podia salvar se recusa a trabalhar ao fim de semana pelo
valor que o Estado paga. (LER
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Luís Cunha Ribeiro, presidente da
Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, veio agora dizer que
“foi autorizado que passe a haver resposta para situações deste género. Doentes
em situações semelhantes não terão o mesmo destino daquele que ocorreu há uma
semana.”
Independentemente das razões, ou
não, que possam assistir a estes senhores, é lamentável que se brinque com a
vida dos outros. Mas então a medida agora decidida pelo presidente da
ARS-Lisboa e Vale do Tejo não deveria ter sido tomada a tempo e horas? Então, mas
porque tinha David Duarte de morrer? Mas
será que na luta por outras condições remuneratórias vale tudo? Mas a condição
médica tornou-se nociva à eclosão de qualquer sentimento sincero e
desinteressado pela vida dos doentes? Absolutamente lamentável que agora venham
os testemunhos de arrependimento público, é disso que se trata, quando o “sacarolhar”
de mais expediente que dê mais dinheiro se sobrepõe ao respeito pelos vivos.
Jamais, repito, jamais a luta por direitos, quaisquer que sejam, deve
traduzir-se em dor alheia! Têm razão os idiotas, os malucos, os teimosos, os
avarentos, todos – menos as pessoas sensatas! Pobre país, pobre justiça! Vai justiçar?
O oceano de poucas vergonhas em que vamos navegando (LER
AQUI)
Hoje, é o dia mais curto do ano por ocorrer o solstício de
inverno. No “mais curto”, só vejo uma vantagem; a de termos menos tempo, no
mínimo por um dia, para pensarmos neste oceano de poucas vergonhas em que vamos
navegando! E nesta coisa da finança, só há um banco onde sentar banqueiros e
outros que tais. É o banco dos réus! Esse é que tarda e é por isso que a
refeição servida ontem, continua exactamente igual à de hoje – primeiro prato,
batatas. Segundo, feijão. Terceiro, batatas com feijão. Quarto, feijão com
batatas. Hein? Mas toda a gente se mostra contente com a resolução do Banif não
obstante os milhões que vão ser espoliados ao erário público. Grande medida
tomada pelo restaurante que abriu há pouco. O novo, mas velho prato, é uma
especialidade da casa; país gozado por charlatães, garantindo-se o suicídio de
quem a come!
Eu
sei, a culpa é minha. Mas que diabo, nunca engracei com ficção, nem mesmo com a
bem trabalhada. Já com fábulas, sou mais adepto. Em tratando-se de histórias
feitas para crianças e que geralmente terminam com um ensinamento moral de
carácter instrutivo, do tipo da cigarra e a formiga, da raposa e as uvas, da
lebre e a tartaruga, ou até do leão e o ratinho, isso sim, lá fico embasbacado
em torno das suas 'perfeições'. Por estes dias, ao ver a excitação, talvez
mesmo exaltação, que por aí vai com o sétimo filme da série "Star
Wars", dei comigo a pensar se esta imersão colectiva em plasticidades,
ainda que fantasticamente conseguidas na tela, não fará com que o espectador
amante do género deixe mais sais na sala do que aqueles que absorve. Mas pronto,
este é o meu lado amavelmente céptico quanto aos poltrões e heróis, espécimes
sociais de outras galáxias que não enxergo e que têm feito de muitos
portugueses, os outros não me interessam, uma química cinéfila que se extasia
com os veredictos de uma ciência ficcional que de terrena nada tem. Afinal, é
por cá que estou, e se me dão almoços de multíplices aspectos extravagantes de
outros universos, como hei-de eu entender o mundo em que de facto vivo? Não é
fácil, e essa é mais uma das razões que me leva a não querer assistir a cenas
pintadas em telas do além, para já não falar no modo como se vai anedotizando o
que de excepcional a sétima arte já produziu, mas cá, no planeta Terra. De todo
o modo, vejam filmes, os que quiserem. Quanto a mim, continuarei com a minha austera
fidelidade habitual às ovações aos humanos que fazem e já fizeram outras fitas.
Bem boas!
Mas
então tu não vês que é uma injustiça envelhecer? E será que ninguém vê que
nascemos para ter asas e que nos sentimos roubados por não nos podermos servir
delas? É pena, triste, que no duelo entre a idade e o tempo, só haja um
vencedor. Já se contava que o choro do ídolo não era de hoje. E que vida grande
juntos no dia a dia, no serão, sob a luz do mesmo candeeiro e em volta da mesma
bancada de trabalho. Que dedicação, que lealdade e que solidão na casa paterna.
Fica a poesia das coisas e dos sítios. É pouco!
O
Dia Mundial de Luta Contra a Sida comemora-se esta terça-feira, 1 de dezembro,
reunindo pessoas de todo o mundo, com o objetivo de sensibilizar, informar e
demonstrar solidariedade internacional face à pandemia.
Hoje,
em Lisboa, tocou-se Portugal! Na Avenida, não importa qual, assistiu-se a um
mar de sons que celebraram Portugal, a Independência e a Restauração
O
Movimento 1º de Dezembro, a Câmara Municipal de Lisboa e a EGEAC, em parceria
com outras entidades, apresentaram o 4º Desfile Nacional das Bandas
Filarmónicas de Portugal.
Cerca
de 1500 músicos, provenientes de todos os distritos de Portugal, desfilaram,
tocaram música, deram cor ao País, no âmbito das Comemorações do 1º de
Dezembro. Quer instrumentos, quer executantes, foram fisionomias do carácter
cívico nacional, arquitectura também moral que afinal contou, mais uma vez, as
lutas da inteligência de um povo por vezes interrompidas por umas certas
consciências estrábicas. A música, de mãos dadas com o simbolismo de uma nação
majestosa feita de sociedade musical sábia, foi deste modo a boa-fé dos que
defendem a causa de um Portugal com incumbências populares. Só assim teremos
terra fecunda onde sons e tons como os produzidos hoje, se misturam na
compostura de uma independência que se quer eterna, ou não contássemos para o
efeito com verdadeiras dinastias de gente que toca com fôlego a origem
histórica da portugalidade que somos. Assim gosto do 1.º de Dezembro, assim
relevo da importância das filarmónicas sociedades que nos bastidores preparam
as apoteoses da restauração, ou do que for, assim, finalmente, a coroa
portuguesa fica voltada para cima.