“Depois da
tempestade Ana, vem aí o Bruno” (LER
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É um teatro esta
imprensa
Ontem viveram-se
momentos de pânico em quase todo o país devido à tempestade que se abateu sobre
todos nós. Apelidaram-na de Ana e esse foi o nome adoptado por quem de direito
para tornar reconhecível mais uma coisa séria do universo. Séria porque
violenta, assustadora, capaz de dar sinal de vida apta para tirar outras vidas,
outros bens. Mas a triste imprensa que temos, que faz do susto causado aos
leitores uma ‘eloquência jornalística’, apressada que está em sacrificar a
verdade à nota trágica, prefere dizer que “depois da tempestade Ana, (já) vem
aí o Bruno”. Assim, secamente! Nada mais cristalino como isto, pois não acham? Inventar
sendo preciso, sem remorso pelos prejuízos causados, nem cautelas pelos
esforços exigidos às vitimas leitoras destas pasquinadas, jornalismo burlesco que
parece querer induzir um amanhã, um hoje mesmo, com outra procela que nos há-de
afligir. Não seria melhor, mais cristalino ainda, dizer antes aos leitores que
Bruno é apenas um nome, de A a W, que batizará uma nova tormenta que ninguém
sabe quando acontecerá? É que, explicar a coisa assim, bem procurei em todos os
jornais mas todos optaram por dar à estampa a cor da neblina que tudo esfuma.
Para incomodar o povo e até a Providência, basta-nos o jogo das leis naturais.
Para melhor as percebermos, bem gostaríamos de imprensa mais séria e com frases
de estrutura gramatical desprovida de cicios, tempestades, já agora também com
menos buzinas e flautas.
Mário Rui
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