sexta-feira, 25 de dezembro de 2009
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
sábado, 19 de setembro de 2009
sábado, 12 de setembro de 2009
quarta-feira, 1 de julho de 2009
'Fostes' tu!
Rui André de Saramago e Sousa da SIlva Oliveira
Simulacro de optimismo
Como disse o Ministro das Finanças, não podemos fazer desaparecer a crise, apenas atenuar os seus efeitos. Não sei se sabe, caro leitor, mas eu preocupo-me consigo. E é por isso que estou disposto a dar-lhe algumas dicas para poupar. A questão parece complexa, mas, qual paradoxo, a situação dita que as regras da poupança são muito simples. Basicamente, caro leitor, o que tem a fazer é mudar todos os seus hábitos de vida.
Aqui vai. A partir de agora todos nós vamos ter de deixar de comer, de tomar banho, de lavar as mãos depois de ir à casa de banho, de ir de carro para o trabalho, de ligar o aquecedor, de ligar a luz da sala para ler esta crónica. Enfim, resta-nos morrer sós e em desgosto, porque, ao que parece, nem no INEM podemos confiar.
Mas se há pessoa ou entidade em quem pode depositar (alguma) confiança é em mim. Se até agora só ouviu falar de simulacros de sismo e coisas de natureza parecida, eu tenho a solução para este flagelo. Proponho, já para o dia de amanhã, um simulacro de optimismo. Vejamos as vantagens. Em primeiro lugar, alheamo-nos por um dia da realidade dura em que vivemos. E depois, ao contrário dos outros simulacros, este seria um verdadeiro sucesso. Seria uma espécie de simulacro daqueles que aconteciam nas escolas primárias que deixavam os alunos eufóricos, porque sabiam que, pelo menos uma hora de aulas ia para o lixo.
Aposto que nunca tinha pensado nisto. Parece difícil, numa altura destas, encarar alguma coisa como positiva. Mas talvez seja isso mesmo que nos falta. Ou pelo menos é o que nos querem fazer crer com palavras de esperança.
Se já ouviu falar em previsões apocalípticas de fim do mundo, eu posso-lhe garantir que o Sócrates não tem nada a ver com isso. E não se preocupe muito, porque, pelo andar da carruagem, nem eu nem as próximas 5 gerações lá chegaremos. Nem mesmo com simulacros de optimismo. Humor é que é preciso!
Rui André
Jornalismo de primeira (?)
Para quem não assistiu ao incidente, pode dizer-se, em poucas palavras o seguinte: Marinho Pinto ‘descascou’ a pivô do Jornal Nacional, criticou o seu trabalho enquanto jornalista e quase perdeu a cabeça por considerar vergonhosa a forma como Manuela Moura Guedes conduz um jornal televisivo. Nada que aos mais atentos ou mais conhecedores da matéria tenha surpreendido.
Confesso que a minha vontade de dissertar sobre o mau jornalismo que se faz na TVI é antiga, mas, para mal dos meus pecados, malogradas todas as tentativas. Pena minha! Mas, finalmente, eis uma oportunidade de ouro para questioná-lo.
Não quero com isto generalizar, nem tão pouco contestar os bons profissionais que trabalham em tão popular estação. Quero sim, alertar para o que considero ser uma profunda falta de profissionalismo que, em muitos casos e para a maioria de nós, passa despercebida. Por outras palavras, um total desconhecimento do Código Deontológico dos Jornalistas, que ultrapassa (pelo menos dois) limites: o do profissionalismo e até mesmo o do eticamente razoável.
Temo, assim, que a má imagem que se tem ou vai tendo do jornalismo em Portugal, contribua para a moleza e apatia de um povo até então habituado a combater as injustiças que teimam em fazer frente ao seu orgulho. Mas não será esse jornalismo, por outro lado, causa e consequência de um povo que quer e gosta do frenesim, da vida alheia, do ridículo e do extraordinário? Isso sim, garante audiências, sobretudo na TVI.
Certamente não ajo de má fé se disser que desta forma caminhamos lentamente para um jornalismo de segunda, por um caminho degradante que não dignifica os bons profissionais que lutam por um jornalismo de excelência, como se faz lá fora (às vezes). Fica o aviso!
Para terminar, resta-me apenas dizer, com justiça, assim creio, ‘cada macaco no seu galho’. Não é, Manuela Moura Guedes?!
Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira
Jornalismo de primeira – parte II
Caro leitor, a saga continua. Depois do atropelo ao jornalismo protagonizado por Manuel Moura Guedes e ao qual fiz referência na última crónica da passada edição deste jornal, sinto-me obrigado, mais uma vez, a denunciar aquilo que penso ser um novo ataque aos valores e princípios jornalísticos. Nada que, aos olhos da maioria dos mortais, pareça estranho. No entanto, parece-me que o tratamento tão mediático da transferência de Cristiano Ronaldo para o Real Madrid ultrapassou todos os limites do razoável e do admissível no campo do jornalismo sério. E mais, acabou por chatear um bocadinho!
Não há dúvida que a transferência se reveste de um conjunto de valores-notícia que justifiquem que o acontecimento se torne notícia. Porém, o excessivo, abusivo, desmesurado, exagerado e outros adjectivos que agora me falham, tratamento que mereceu é, parece-me a mim, no mínimo discutível, para não dizer desproporcionado e reprovável. Merecerá alguém ou alguma coisa tremendo mediatismo?
A verdadeira questão que aqui se coloca é se o acontecimento é ou não de incontestável interesse público. Na minha opinião, não é e muito menos merece directos, reportagens, debates abusivos, etc, etc. Admito, porém, que o tema foi motivo de inúmeras conversas de café que tive com amigos e conhecidos. Mas já dizia McCombs e Shaw: “Embora os media, na maior parte das vezes, possam não ser bem sucedidos ao dizer às pessoas como pensar, são espantosamente eficazes ao dizer sobre o que pensar”. E é este o caminho que, infelizmente, seguimos. O que me preocupa, honestamente, é justamente esta tendência para o sensacionalismo e popularismo a que se vem assistindo de há uns tempos para cá. E é este sensacionalismo que alimenta a alma de um povo que, sem garra nem fervor, se conforma com o que lhe servem. As coisas têm que mudar!
Para terminar, eu não sei onde estará Cristiano Ronaldo daqui a 3 anos. Mas, por este andar, sei bem onde vai estar o jornalismo português.
Rui André Oliveira