Caro leitor, estou de volta. Mas não se entusiasme já porque esta pode ser muito bem uma crónica que lhe desperte alguma repulsa. Espero, muito sinceramente, que não não o atinja a si, em particular.A verdade é que andam por aí umas pessoas que pensam que podem alterar a língua portuguesa quando bem lhes apetece. Se quiserem tirar o c à palavra Victor, eu não me importo. Ao meu tio é que já é capaz de lhe fazer alguma confusão, mas eu não tenho nada a ver com isso. Agora, dizer ‘fostes’ na 2ª pessoa do singular em vez de ‘foste’, é coisa com a qual eu não compactuo.Confesso que quando ouvi pela primeira vez tal barbaridade, julguei estar perante uma nova linha de modernidade linguística que nem todos, felizmente, podem acompanhar. A coisa seria menos grave, no entanto, se o ‘fostes’ fosse a única palavra sujeita a tamanha crueldade. Mas, ao que parece, isto acontece com quase todos os verbos na 2ª pessoa do singular do pretérito-perfeito.Mas o que me intrigou ainda mais foi o facto de eu saber que, de moderna, esta nova tendência tinha pouco. Ao contrário de outros, eu atrevo-me a classificá-la, não como moderna, mas como...vamos lá ver, estúpida. Que a língua portuguesa é difícil, estamos de acordo. Mas torná-la ainda mais difícil é que não me parece que seja a melhor solução.Há uns senhores que costumam dizer que é importante deixar um mundo melhor para as gerações futuras. Tem piada, porque ninguém fala na importância de deixar melhores gerações para o nosso mundo. Lá estou eu a exagerar. Nem sequer tem muita importância dizer ‘fostes’. Ou se calhar tem, mas esta foi forte demais.Já que estamos numa maratona da lingua portuguesa, há outra coisa com a qual eu não concordo. Tenha paciência, caro leitor. O novo acordo ortográfico causa-me alguma estranheza. De que me serviram os cem cadernos que ali tenho com ditados corrigidos se agora, assim de repente, todos eles estão cheios de erros? Mas entre escrever ‘fostes’ e escrever Vitor, ação ou batismo, venha o diabo e escolha.Agora, caro leitor, o que eu gostava que percebesse é que nem tudo são sermões. Por isso, aqui fica a lição de hoje: eu fui, tu FOSTE, ele foi, nós fomos, vós fostes, eles foram.
Rui André de Saramago e Sousa da SIlva Oliveira
Rui André de Saramago e Sousa da SIlva Oliveira
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