O meu continuado pessimismo e falta de respeito para com os políticos que nos levaram à ruína mais não me dá senão a certeza de que nunca mais lá chegaremos. Bem me podem alguns espectadores atentos tentar convencer que a culpa foi do líder A e não do B ou do C. Todos eles foram demasiado maus na condução da coisa pública. E não se imputem culpas aos portugueses. Serão sempre os últimos a aceitar qualquer factura que lhes queiram cobrar já que sempre foram os únicos que se sacrificaram, que foram espoliados, despojados dos seus bens, afinal em nome de coisa nenhuma. E se de todo este calvário houver, e há, fiéis depositários e especialmente infiéis ganhadores, então esses serão com toda a certeza os líderes que nunca tivemos, os partidos que nunca olharam para o bem comum mas antes para o seu próprio umbigo, os sindicatos que pararam o país ansiosos por sonhos inatingíveis, os presidentes que fecharam os olhos e os apertaram bem para bem dormirem e depois serem reeleitos. Todos estes velhacos seres humilham e desabonam qualquer cidadão honesto. Não passam de seres litigantes e pretendentes. Valem pouco. De resto, no ciclo em que estamos, o único impropério que lhes devemos dirigir é mesmo de ´políticos’. E como a fortuna de toda esta escumalha nos maltrata, ´político´ em Portugal já só significa calamidade. O sistema, por cá, é um velho e ambicioso charlatão. Tudo se vende no grande mercado da tal política, menos juízo, o que falta a muita desta gente e não sobra a ninguém. Sem querer ofender as leis da civilidade, só me resta acrescentar que, tomadas em conjunto, todas estas considerações apontam para a conclusão de que uma sociedade livre e responsável apenas pode ser criada mediante a participação activa dos cidadãos honestos como um todo. E o que jamais deve ser aceite é outra revolução que nos leve à instauração de um novo Estado que instale novos dominadores. Primeiro passo; acabar com os actuais. Meta seguinte; queremos antes de mais apontamentos para um romance de vida que terá o mérito de ser verdadeiramente português. Então não concedamos protecção aos maus comportamentos. Se voltarmos a usar o voto como arma, pois que seja para o despedimento colectivo da cáfila que nos desgovernou ao longo das últimas décadas. Há certamente outros melhores. É tudo uma questão de mudança.
Mário Rui
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