Sexta-feira, 20 Fevereiro 2015
Maria
José Morgado na RTP Informação
«Não
podemos partir do princípio que há pessoas que têm um Pai Natal a descer pela
chaminé, todas as semanas, a deixar sacos com dinheiro na casa das pessoas.
Isso não é normal».
Normal,
de facto, não é, mas lá que Natal é sempre que alguns homens quiserem, também é
verdade. Tão fecundas são as chaminés deles que o dinheiro, defeito de cunhagem
talvez, engravida repetidamente e ainda que no seu estado interessante não
consiga passar todas as semanas pela chaminé, é vê-lo então, ao vil metal, no
rebentar de filharada a cada mudança de data natalícia que ao longo dos dias se
vai alterando, quadra sempre festejada num ideal de fortuna intrépida. São
geralmente aqueles homens a quem a província os enfastia e optam pois pelo
curso de violoncelo que vai abrir em país estrangeiro, em cidade elegante. E o
pagode, rústico, interroga-se; «optou pela música? E está matriculado? «É a
política, estúpido», esclarece o rústico bisbilhoteiro em obscena interjeição.
«Portugal já não é Portugal», diz o mais matreiro dos campestres, e por aqui se
fica a coisa não sem que antes lance desafio ao parceiro; «vai mais um copinho
de aguardente?»
Mário
Rui
___________________________ ___________________________
___________________________ ___________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário