A mim pouco me interessa saber qual o processo judicial em assunto, até podia ser o do Zé do
Telhado, posto que o importante é não entender como é que alguém com supostas
responsabilidades que deveriam projectar-se muito para além da postura assumida
por um simples cidadão, pode pronunciar nas diversas ‘praças públicas’ um juízo
moral acerca de um acto de outrem, quando tal atitude é afinal e tão-só o sublinhar do mal-estar de uma
justiça que de recatada, sensata e circunspecta, parece nada ter. Por este andar, não tardará
que o padre discuta com os paroquianos no adro da igreja os pecados ouvidos de
outrem no confessionário e, arrisco também, o médico venha para a sala de espera
falar da vida privada do paciente. Se um
dia assim vier a ser, coisa mais que provável a julgar pelo andar da carruagem,
então concluirei ter percebido bem qual a educação religiosa de uns e qual a
educação clínica de outros. Mas enfim,
ainda tenho esperança que tal não venha a acontecer nestes duas áreas de
actividade. Contudo, confesso já a ter perdido relativamente a alguma justiça que
infelizmente acredita na ambivalência da ordem e do bom julgar, apostando em estilo que,
embora fora da sala de audiência, não deixa de influenciar a formação da
estória de alguns réus, especialmente quando a mesma começa a ser avaliada lá
no sítio certo: na dita sala de
audiências! E mesmo que os réus se
chamem “Zés do Telhado”, a sua atribulada passagem por este mundo jamais deveria
ser comentada ou mesmo discutida no palco mediático por quem sobre ela vai sentenciar
o que quer que seja. Passar o tempo em
silêncio fora da barra do tribunal só rejuvenesceria muitos agentes da lei; o
contrário é que não! A democracia não
serve para tudo e não fica certamente nada agradecida aos que parecem
infinitamente mais preocupados com os aplausos da plateia mediática do que com
a própria autoridade de que foram investidos.
Mário Rui
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