Olá
manhã. Acordei cedo. Passei os olhos pela imprensa e optei pelo regresso à
cama. Tinha que voltar a dormir tudo e devagar. Evitei sonhos, porque árduo já
tinha sido o trabalho de leitura de algumas imbecilidades que sempre desembocam
em vida inútil. Só me restava esta anestesia, do jeito que fosse, tentando
assim ocultar o que penso das coisas feitas e ditas sem sentido, sucessão de
lérias produzidas com estardalhaço por gente atarantada, como se isso fosse
acto de coragem ou sequer tino. Repousei por inteiro, mas quando se acabava a
quietude do dormir certo, o sono foi-se e o sonho matreiro voltou. Veio assim
em feição de gargalhadas indecentes remoendo a tristeza de ter por certo e
perto radicais livres – que atacam outros de modo a tornarem-se “estáveis” -
com assento no parlamento do meu país. Daqueles que, cambaleando de episódio
grotesco em episódio grotesco, ameaçam o meu descanso. E quão estúpido me senti
quando tentei explicar a terceiros o que era a sensatez de uns tantos; não a
conseguiram ver em lado nenhum. Erro meu, seguramente, pois afinal não há o que
compreender! Logo à noite, volto à alcova. Esforço-me de novo na busca da
serenidade e isso tem muito a ver com o entreabrir da porta, a meio do remanso,
enfiando pela fresta um olho desconfiado, na tentativa de não ter sonhos
terríveis onde esteja gente que insiste em “tocar harpa enquanto Roma arde”! É
que da noite para o dia, acorda sempre uma nova desordem nacional.
Mário
Rui
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