A
cimeira internacional “Alzheimer’s Global Summit” (LER
AQUI)
Para
a doença em que se morre duas vezes, e a primeira é em vida – coisa estranha
mas real - parece não haver ainda poente que a sossegue em definitivo. Doença
degenerativa que leva a um galopante ‘ser’ em ‘não ser’, a par de outras, e que
não mais significa do que baixar a ponte levadiça da vida, perder as sentinelas
e começar a redigir o terrível manifesto da despedida. É, é assim e mais nada
do que este assim. A fala faz-se tardia, a ideia enferruja-se e lá vem o
tenebroso estado sem viveza mental, incapaz de exprimir emoções por conta
própria. E por conta alheia, dolorosa igualmente, ainda que tentada a
esperança, resfria toda e qualquer ideia de efusão de sucesso. Mesmo ao mais
simples aceno de batuta, a orquestra que ouvíamos afinada, já só dá respostas
destoadas. E a vida, que raio de vida, num acabar destes nunca dá qualquer
penduricalho de mercê por bons serviços. É um deplorável episódio de fim de
viagem. Não sou médico, de cientista seguramente também não faria reputação,
tentei então a ciência no amparo ao drama. Não esqueci a sorte, acalentando a
ideia de que para a cativar era preciso insistir. Palavra, acho indecente, o
resultado não foi o esperado. É por isso que quero acreditar que estes
combatentes reunidos na conferência internacional “Alzheimer’s Global Summit”
não vão deixar cair os braços na luta contra a doença, contra as doenças. Que
vão conseguir enxugar a neblina que cerra a descoberta das curas de modo a que,
tanto quanto possível, se erradiquem os coleccionadores de dramas íntimos.
Força ciência, porque em cada cura há gente que quer tornar a viver!
Mário
Rui
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