Já longe vai o tempo em que peúga
branca, qual poesia trovadoresca na lira dos vinte anos, conferia a um qualquer
pé um ar muito chique, muito sentimental. Não sei bem porquê, mas também não
estou para inquirir. Era assim e ponto final. Vivia-se a época minada de taras
boas e às vezes ‘avariadas’ pelos dias mais promissores, o que, hoje, nos faz
recordar “o tempo que o tempo tem”. Tal peúga, se acompanhada de uma orquestra
de charmes, de uma iluminação de cigarros e de uma bebida reluzente, era por si
só verso que poetizava os momentos dessa tal doce lira. Sonhávamos ser grandes,
os maiores de todos. Foi sonho. Agora, é diferente. Já há poucas meias brancas
e de sonhos não abundam muitas aparições. O que no presente nos mostram mais
são coisas que não fazem rima nem galantaria requintadamente preciosa. E
desenganem-se os que pensam que estou falando de política. Não, não estou. Falo
de meias brancas que forjaram tempos fecundos ainda que se pense que o meu
propósito foi apenas o de fazer acrobacias de memória.
Mário Rui
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