Há
50 anos, uma Taça de Portugal deu voz à democracia
Académica
de Coimbra – a lição de 22 de Junho de 1969
A
final da Taça de Portugal de futebol em 1969, que a Académica perdeu para o
Benfica por 2-1, após prolongamento, deu dimensão nacional à luta estudantil de
Coimbra que se tinha iniciado em Abril desse ano. Em Coimbra ninguém esquece o
ano de 1969, o ano da «crise académica», quando os estudantes da Universidade
(UC) afrontaram o regime, clamando por mais direitos, democracia e melhor
ensino. Portugal era um país muito diferente nesses tempos. Após mais de 40
anos de ditadura, Salazar tinha caído da cadeira a 3 de Agosto de 1968, abrindo
espaço para a renovação do «Estado Novo». A tensão era grande no Estádio
Nacional, nessa tarde de 22 de Junho de 1969. A Guarda Nacional Republicana cercava,
a cavalo, todo o recinto. Lá dentro, elementos com ameaçadores cães-polícia
seguiam qualquer movimento suspeito e um batalhão de agentes da PIDE (Polícia
Internacional e de Defesa do Estado) completavam o aparato. Benfica e Académica
iam disputar a final da Taça de Portugal, mas jogava-se muito mais do que isso
no Jamor. Pelas bancadas, milhares de estudantes universitários ocultavam
tarjas com palavras de ordem, à espera da melhor oportunidade de transmitir ao
país as suas reivindicações. Muitos foram presos ainda antes do apito inicial”.
Mário
Rui
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