Ou
me engano muito ou vamos passar uma semanita à moda antiga. E com alguma sorte
para alguns e azar para outros, desconfio que ao virar da esquina ainda vamos
ouvir de novo o martelo do ferrador no alpendre ao cimo da rua, as vozes
alegres dos apeados a jogar a pata-galharda, ou o ruído estridente das cigarras
num galho qualquer. Ao longe, o canto triste das rolas, como que predizendo que
nunca a briga carburante vai ser tão bem vigiada como desta vez, soa a
imprudência de muito se querer conter e pouco se conseguir fazer. Lá mais para
o sul, terra onde o ganho do medronho até chega largamente para as elegâncias
de andar de carro a aguardente, a coisa talvez seja mais coradinha pelo sol,
luzidia e dada a atavios vistosos. Que bom seria viver assim, longe dos
cuidados do mundo. Mas não é possível. Agora, mãos à obra, vamos para a fila se
queremos continuar a ser o povo mais sorridente do planeta. E se acordarmos
cedinho para levar o carro a esse conjunto de belezas e graças que enfeitiçam
os motores – a bomba de combustível – talvez ainda possamos ter ao ouvido o
trinado alegre das aves na alvorada. Que sorte, não é? Afinal neste “mundo
novo” sempre procuramos à porfia ocasião propícia de nos aproximarmos de um bom
gorjeio e, em particular, de uma boa gasolineira, esforçando-se cada um, nem
que seja pondo a mão no jerricã, por captar-lhe mais provas de simpatia e amor.
Mário
Rui
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