“Nós
bem sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem um sentimento; não cria
nada, destrói tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único
comentário do mundo político em Portugal. Um Governo decreta? gargalhada.
Reprime? gargalhada. Cai? gargalhada. E sempre esta política, liberal ou
opressiva, terá em redor dela, envolvendo-a como a palpitação de asas de uma
ave monstruosa, sempre, perpetuamente, vibrante e cruel – a gargalhada!
Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina,
discute, oprime – nós riremos. A tua atmosfera é de chalaça. Tu és filha de um
dichote que casou com uma pirueta! Tu és ‘clown’! Tu és Fajardo! Se viveres,
rimos!”
Eça de Queirós,
Agosto 1871.
Mário
Rui
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