Sobre
os esquemas suspeitos de Isabel dos Santos e seus parceiros angolanos e
portugueses, expostos no Luanda Leaks, nem vale a pena aprofundar a questão.
Não porque seja matéria irrelevante, que não o é, mas antes porque se trata de
variedade de Pim-Pam-Pum de feira rasca a que já nos habituaram os que
cinicamente ganham dinheiro grosso com audácias que não admiro. Refiro-me em
particular aos portugueses, dado que os outros pouco me interessam. Mas ninguém
viu isso na altura. De resto, porque convinha, a costumada galeria - imprensa,
muitos políticos, órgãos reguladores, pares de função e por aí fora - falava
deles, enaltecia-os pela notabilidade dos seus actos, choviam os aplausos de
todo o lado. Mas quando a Pandora acabou por abrir a caixa das vergonhas,
quando apanhados os fantoches pelas ventas, então lá começou o derrube com
cheiro a falso, para gáudio do vulgacho que gosta de ser enganado. Ontem, um
artigo com desenho rodeado de louros na primeira página apoteótica do
periódico, quando não até um recebemos e agradecemos. Hoje, uma constatação,
uma crítica falsa, uma análise manhosa e começou o tiroteio – PUM - a que, em
tempo devido, correspondeu um esconder de balas. Uns e outros, audazes e
apoiantes de geometria variável, são iguais na “ética” que lhes comanda a vida.
Coitada dessa galeria que nunca percebeu que a charneca portuguesa era
abundantíssima em tais espécies de caça brava. Mas agora, claro, estes
caçadores de interesses, avançando por entre as moitas que lhes são mais
favoráveis, levantam do chão, e pela cauda, peças já em decomposição. Mas
matreiros como são, já não enganam ninguém uma vez que, se fossem sérios,
teriam era apanhado peças em composição. O que eu gostava era que me
explicassem, a tempo e horas, como é que pessoas “competentíssimas” fizeram
coisas absurdíssimas. A continuar assim, o país coxo-corrupto que já somos,
rapidamente se tornará em amputado, sobretudo por culpa das muitas peças de
xadrez que se movimentam em tabuleiro onde a torpeza da mão rouba, ou esconde,
sem se mostrar, e o carácter maligno de muitos vem à tona, finalmente.
Mário Rui
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