Quem
diria que um dia aportaríamos a esta solidão? O tornar possível, quase diário,
o que era ontem impossível. Quotidianos inimagináveis há pouco, são hoje uma
porção de História maior do que qualquer outra vivida por quem nos antecedeu.
Houve guerras, desastres naturais, chacinas porque sim, fome, revoluções boas e
más, mas sempre com companhias. Agora, nós todos, que nunca tínhamos ouvido
falar de isolamento social à força, do escondam-se em casa, podemos enfim
sorrir tristemente da nossa ingénua ilusão construída em tempos idos. E o
futuro? Talvez se nos pudermos juntar a um público alargado e sem fita métrica
que marque espaços, já não seja mau. Talvez lutar contra as rugas, também seja
boa ideia. Do mais, já não se trata de sabedoria, mas antes do trabalho que
cada um possa fazer para acabar com a insignificante unidade do eu, eu, eu.
Mário Rui
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