Está
frio. Frio que gela as mãos e, até, sabe-se lá porquê, a alma, que para uns
pode ser uma constante expressão deles próprios e para outros a mudez sagrada
do que são. Cada um é como cada qual e ponto final, mas a verdade é que venha o
frio na asa da rajada da tarde invernosa ou tão cedo se eleve a névoa da
madrugada, continua a sentir-se frio. E, mesmo que a aurora por vezes pareça
querer trazer sinal esplêndido de sol morno, oprimido por uma leve angústia, já
o sonho de um dia fantástico não é o mesmo. E lá ficamos no íntimo com as
reminiscências de harmonias não ouvidas porque o frio tem uma vontade enérgica
de nos cercear a multiplicidade dos nossos prazerosos atributos. Enfim,
valha-nos nestes invernos a reflexão que, essa sim, sempre se pode servir quente.
Mário Rui
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