Lá
há-de chegar o dia em que não será a história a perguntar-te quantos crimes,
quantas tragédias teve a morte no teu seio? O que a história vai fazer é
procurar saber a razão pela qual a tua vida foi uma infâmia. Quem terás sido
neste mundo? Estrume que fecundou a morte, ou engano, tudo embuste, tudo
dissimulação?
A
vida é uma jornada. E todos os dias se anda um passo para a morte. Que a morte
seja pois para ti, como nunca soubeste triunfar com os vivos, a salvação única
dos que ainda restam com dores e lágrimas nestes dias em que o ar sufoca e se
aviva para cada coisa uma aflição. Dias em que se sente e pressente o uivar da
metralha no atear das tuas labaredas, no praguejar do teu maldito vento de
ódio, e na raiva fria que guardas em ti. Pobres dos que sofrem e dos que
padecem às tuas mãos. Dos que não tiveram ontem nem terão amanhã e que passam
dias e noites sem fim em que a dor espanca o sono e de que se acorda sem se ter
dormido. Tempos de agonia pavorosa, sacana.
Mário Rui
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