Estou
deveras sensibilizado com esse avanço civilizacional que resultou do jogo que
tomou de assalto todo o mundo. Ainda bem que veio. Ele é jornais, televisão,
rádio, cura maleitas, afasta o imperialismo, concede bons salários a quem
trabalha, iguala os desiguais, torna as pessoas democratas quando estão de
férias, recusa reis e apoia republicanos. Que mais se pode querer? Ainda por
cima corrige más aventuras, as extravagâncias e faculta-nos o antídoto que nos
preserva o bom senso. Joguem, joguem muito, pois é educativo e a alternativa
também não é preocuparem-se agora com uma nação, isso é uma grande confusão. É
Verão, está calor e, ao que já apurei, o bicho do jogo também dá um pára-sol de
seda branca e um copo de água. Não desaproveitem esta fortuna, é de meios
preços e não falece de condições legítimas de sucesso. E ainda vai restaurar a
nitidez de um velho nome que é Portugal! Tem só mais uma coisinha, o bicho;
lembra-me aquela história do viajante perdido que ao atravessar o deserto
encontrou um pente na areia. Pensou o viajante; “caraças, com um pente posso
pentear-me. Não posso é fazer mais nada”.
Mário
Rui
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