Pois
se este é o tempo em que existir é resistir, e uma vez que aos olhos daqueles
espectadores que tudo julgam saber e tudo julgam poder fazer, o sensato
informado já não existe, então a melhor atitude a tomar é mesmo ficar no ponto
ideal. Para discutir certos assuntos, e em particular com gente pouco dada ao
raciocínio, mas que se mostra muita apta para a accão palavrosa e sobretudo
para o activismo de sofá, o ideal é não ficar exposto a essas classes falantes
e grávidas de saber. E se na maior parte dos casos a polémica radica nos olhos
de quem não quer ler ou sequer perceber, então eu não me rendo a essa coisa a
que chamam de “corrente dominante” do pensamento. Prefiro mesmo a minha
“burrolatria”, pois não gosto de comer analfabetismos funcionais, como de resto
também não como o cardápio quando vou ao restaurante. Para megafone dessas
hiperintelectualidades, quer sejam da política, do voto, do futebol, da
pandemia e outras berrarias, também não sirvo. Daí que me faça de apedeuta pois
a ignorância é, muitas vezes, o estado mais puro da felicidade.
Mário Rui
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