Não
é verdade, como se espalha fama, que “longe da vista,longe do coração”
Com
eles estudei, estudei as coisas que se não aprendem na Escola e as outras
cheias de novas inspirações cismando para a vida novos rumos. Mas tolerem-me o
arrojo de afrontar por uma só vez a utilidade da Escola, quando ela tantas
vezes apenas nos dá a ver o que os olhos não vislumbram, os ouvidos não escutam
e o tacto não sente. Vivi anos com eles, eles que tinham um só nome, que era
Amigo. E o coincidir dessa existência nascente, a amizade, tão magnificamente
celebrada, era mais do que eu talvez mereceria. E se hoje aqui os trago é
porque se me é dado o prazer de dizer ‘conversemos, amigos, de presença a
presença’. Para o coração, pois, não há passado, nem futuro, nem ausência.
Pretérito, porvir ou não estar presente, tudo lhe é actualidade, tudo
existência. Assim, não me ides ouvir de longe, como a quem se sente arredado
por centenas de céus que me separam de alguns destes Amigos, que o verdor dos
anos não nos uniu; uniu sim e de que maneira. Por mais agrestes que tenham sido
os contratempos da sorte de uns e as maldades de outros, raro nos causaram mal
tamanho que não nos tenha feito ainda maior bem. De sorte que, em querendo
falar um pouquinho convosco, já curtos se iam fazendo os dias, torno deste modo
àquelas amadas lucubrações, as de que me lembro com saudade entranhável e por
isso só cá vim lembrar relações amistosas. É que nestas saudades, vulgar é
tê-las, raro é reflectir sobre elas.
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