Esta
deve ser o género de mesa que precede as invasões e engendra as mutilações.
E
o que foi lá fazer António Guterres, quando parou instintivamente e, depois, se
sentou como se pressentisse, numa zona de “brandura”, a promessa de uma
deliciosa alegria por entre o sinistro rumor ambiente cheio de sinais de um
ditador desumano, matreiro e perigoso? Guterres até é um homem bondoso, mas
gosta de fomentar milagres, ou então ainda não percebeu que palavra de ditador
disfarça a alma como a veste disfarça o corpo. Tudo em torno desta funesta mesa
se apresenta pela óptica da anormalidade. Em suma, ao tentar sonhar o todo
formado por esses aberrantes nadas, a experiência sentida terá sido, mais uma
vez, uma espécie de espanto atormentado. E, como esse espanto já a outros
aconteceu, não questiono a interpretação de um sonho, mas antes todo o sonho de
uma interpretação. Quando diante de nós temos um Frankenstein de mil
corrupções, violações e crimes hediondos, sem nenhum carácter mesmo, ninguém
está mais só do que quando mal-acompanhado.
Mário Rui
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