Woodstock, Agosto 1969
Há-de vir um tempo em que a
nossa fé na música fará inveja.
“De 15 a 18 de
Agosto de 1969, na fazenda de 600 acres de Max Yasgur, na cidade de Bethel,
Estado de Nova York, Estados Unidos, anunciado como Uma Exposição Aquariana: 3
Dias de Paz e Música"
Numa altura em
que os pensamentos não se podiam traduzir inteiramente por meio das palavras,
400 mil conseguiram dar nota da sua subtil diferença, implorando a protecção da
música em defesa duma geração descontente. Cantando, desnudando-se, amando-se
sem preconceitos e assim fazendo de tudo isto uma bandeira. “Maldita altivez”,
diziam os oponentes. Era toda uma geração ocupada em tratar de mudar mentes
empedernidas e sem embaraço o fazia posto que, mudar para melhor, para esta
gente estava sempre acima de qualquer hesitação. Embaraço foi coisa que, isso
sim, tomou de assalto os mais renitentes, os que mandavam sentados na crista da
onda. De tal modo que, não sabendo mais o que fazer, o rolo compressor dos
“sixteen” acabou por moldar-lhes a mente e o carácter para o mais acertado.
Ainda bem. Da aludida geração, vingou o mérito de finalmente dar nome às coisas
que ainda o não tinham, de nomear as agruras que toda a gente tinha debaixo de
olho mas que poucos eram capazes de soletrar. Mas fumava umas coisas esquisitas
essa geração? Claro que fumava. Algo que talvez lhes fizesse esquecer os
desconchavos do mundo então vividos. Fumava, pois, talvez para que os seus
destemores se mantivessem escondidos. Mas deixem lá isso porque afinal, em
estado alucinogénio, também estavam os outros tais da crista da onda que
disparavam gel pegajoso e incendiário, napalm, fósforo branco, que queimava a
carne e pele humanas aos mais indefesos, como se de seara velha se tratasse. Às
tantas, e isto é o que importa, um charro, uma guitarra, uma túnica, flores,
muitas flores, corpos nus e som de união íntima, fizeram muito mais pelo mundo
e pela paz do que as considerações dos que diziam abraçar posições “avançadas”
em matéria de questões sociais. E ao tempo, já ia a meio caminho uma desilusão
quanto a esses “avanços”. Woodstock 1969, também ajudou a declarar qual o
melhor uso dos recursos, tendo em vista o interesse comum. Eu bem digo; a
música pode tudo!
Mário Rui
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