As primeiras finalistas do ‘Curso de
Formação Feminina’ em 1971
Hoje, tão acostumados que estamos à
nossa contagem do tempo, podemos não perceber a razão pela qual o tempo existe.
Mas existe e continua constante, da nascente à foz, do passado para o futuro.
Não falo por ora do presente porque esse está aqui, agora mesmo. E se tantas
foram as vezes em que vos falei dos amigos que vestiram os meus mais verdes
anos, então que se agitem agora as orlas luminosas das que se fixaram em nós
durante muito tempo; as meninas nossas colegas na Escola Industrial de
Estarreja, de 1965 a 1971. Mesmo apartados e de tapume espinhoso, quando a
campainha soava para largarmos a sala de aula, lá saiamos separados, com o
olhar sôfrego de quem espreitava azada oportunidade para buscar um trocar de
olhares, despedaçando, em pensamento, a separação da penosa disciplina do
género. Àquela instantânea ressurreição nada, nada podia pôr peias. Em grupos
juntavam-se elas, em magalas sem licença de passar a fronteira ficávamos nós,
os rapazes. Era o tempo daquele tempo que agora trago ao presente. No entanto,
nessa porção de tempo, estrada e estudo, cada dia e cada ano que findava
trazia-nos mais um valioso conhecimento e acrescentava uma pedra ao monumento
da nossa inocência, muitas vezes também feliz. E nisso, a fisionomia linda das
colegas, e com ar de simpatia, correspondia sempre a uns comunicativos
sorrisos, daqueles que queriam travar conversa. Por isso, quando fruíamos desse
prazer, estávamos a preparar o luar desse gozo, o deleite brando e demorado de
as termos por companheiras. Obrigado a todas. E como recordar é acordar, neste
presente que corre, sublinho, quem nos fez bem, semeou saudade. Vós, caras
lindas!
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