Há 158 anos, 8 de Junho de 1863 – chegada do primeiro a Estarreja.
Desapareciam
as carroças e nascia o caminho-de-ferro. Em Portugal, depois de muitos
projectos falhados e da constituição de várias empresas fracassadas, foi
inaugurada a primeira linha entre Lisboa e o Carregado, numa extensão de 37 Km.
A
primeira viagem realizou-se no dia 28 de Outubro de 1856 levando a bordo o Rei
D. Pedro V.
E
quantas foram as histórias contadas, vividas, ouvidas no comboio? Quantas
viagens típicas, simbólicas e míticas nessas carruagens? Quantos bilhetes
picados feitos pensamentos novos nessas viagenzinhas do progresso? Devagar, às
vezes devagarinho, mas progredindo sempre. Quantas pressas em chegar, tantas
vezes incertas, no ânimo de ter alguém à espera? Quantas vezes corremos e nos
apeámos no elegante da Estação e no abraço, no beijo aguardado? Quantas
paisagens comidas com os olhos nessas estradas de ferro? Fumos e vapores, uma
vez ou outra, também envolviam a delícia de se ir e voltar, mas íamos e
voltávamos. E digam lá o que quiserem mas o comboio foi um romantismo que se
entalhou na alma de quem nele tomou assento. Tinha paladar próprio, atrelado a
locomotiva, rainha por direito que puxava sonhos rolantes. Desvaneceu-se a
paixão? Não! Talvez só a sua lembrança. Daí que a traga agora à memória porque
não sou muito dado a distrações. O comboio merece-a. A boa recordação é sempre
um grande poema de coisas vividas.
(foto:
Estação de Estarreja d'outrora)
Mário Rui
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