Longe
de poder estar perto de perceber estas coisas, porque sou antigo, acho que
dantes a esfera destes “compromissos” era mais modesta. Hoje, todos os sonhos e
todas as pretensões têm ante os olhos um espaço indefinido por onde mergulhar a
vista, dentro do qual podem girar todas as ambições. Não se queira ver nestas
minhas reflexões propriamente censura ou sequer crítica a quem, pelos seus
sacrifícios e competências, se alcandorou ao estrelato. O que eu deploro
sumamente, embora o meu papel nestes cenários valha pouco, é a facilidade com
que se montam estes aparatos sedutores de exterioridades populares, mas
extremamente caros. E, mesmo fazendo um grande esforço para os perceber, continuo
a não enxergar como é que essas classes ricas vão bebendo avidamente o licor do
desmando, em que a proeminência do dinheiro supre a ausência do gosto e do
siso. Ou será a mim que este último começa a falhar? Estroinices, rapaziadas,
destemperos, dizem, encolhendo os ombros, certos personagens como eu. É pouca
essa gente que assim pensa? Talvez, mas também convém que alguém a lembre de
modo a não deixarmos que a enxurrada engrosse. Se já começa a ser uma
“tradição” no desporto, atente-se ao que se passa também no futebol, então
desconfio que veio para ficar. E, se se perpetuar essa “tradição”, o melhor é
começarmos a reflectir seriamente sobre a mesma já que quanto mais insensata
ela for, tanto mais degenerável se tornará e não haverá força para a conter já
que, onde só houver interesses que a explorem, vale tudo e até um par de botas.
E tanta gente com falta delas!
Mário Rui
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