O Papa Francisco, pessoa que muito
admiro, merecia mais. À imagem e semelhança dele próprio, merecia um palco mais
barato, mais singelo, mais consentâneo com os mais pisados, de todos os
escarnecidos, dos que amaram e foram desamados, dos que não tiveram ontem nem
terão amanhã, dos que se afogam como um baraço, daqueles que têm noites sem fim
em que a dor espanca o sono e de que se acorda sem se ter dormido. Mas o
nacional-parolismo decidiu-se pelo contrário. Desenharam-lhe, e vão construir,
uma agonia pavorosa em que nos vem um sentimento indescritível de ser lama, ser
pedra, qualquer coisa enfim que não tenha dores, nem tenha lágrimas para
Francisco. Já topei no meu caminho e no meu país vezes demais com a “Vaidade
das vaidades onde tudo é vaidade”. Ou seja, penso então em quanta grandeza não
há na obstinada negação desses ventres que não fecundam nunca, dessas árvores
que nunca dão flor, que se arrojam a maltratar Francisco, Quem são eles? São os
faustos de harém e as misérias de enfermaria! O Papa merecia mais! Afinal
quantas humildades não tem o sacerdócio de Francisco no seu seio? Quantas
tragédias para sofrer, quantas singelas bênçãos para dar, quantas aflições a
acudir? Meu Deus, quanto inútil é a diplomacia bacoca e falsa dos que
inventaram o luxo que a ninguém serve e muito menos a alguém que toda a vida se
afadigou, chorou, mas sempre na singeleza de uma existência muita digna votada
por inteiro aos seus semelhantes? (10 de Fevereiro de 2023)
___________________________ ____________________________
Sem comentários:
Enviar um comentário