sábado, 27 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

É triste...



Quando pareciam persistir dúvidas sobre o verdadeiro espírito guerreiro que outrora enchia de orgulho os portugueses, eis que uma lufada de ar fresco vem dar novo alento ao povo lusitano, até então acabrunhado e deprimido. Falo, naturalmente, dos episódios recentes que envolveram Carlos Queiroz e Sá Pinto, que deveriam ser, mais do que candidatos a melhor cena de pancadaria na próxima edição dos Óscares, motivo de inspiração para este povo sem alma. Antes de mais, o que é que estas personagens têm em comum? Em primeiro lugar, ambos partiram para a pancadaria porque não gostaram daquilo que lhes foi dito. E depois, nenhum deles percebe de futebol (espero que o Carlos não leia esta!).
Explorando a minha ideia: como que é que episódios como estes, manchados pela violência e falta de inteligência, diria eu, podem inspirar um povo como o nosso? Vamos lá ver, se personagens como estas partem para a cacetada porque não gostam daquilo que ouvem, porque é que nós não podemos também esbofetear os governantes quando eles não fazem o que nós queremos? Não que eu seja adepto da violência, mas quando eu não comia a sopa a minha mãe também me dizia ‘ou comes ou levas’ (na verdade não funcionava assim, mas há que ser visual para se perceber’). Resultado: eu acabava sempre por limpar o prato. Com os governantes devia passar-se o mesmo! Não acham?
Mas enganem-se aqueles que pensam que o desporto, nomeadamente o futebol, se está a tornar mais violento. E o melhor exemplo vem de Inglaterra, em que as coisas se resolvem com amor e carinho. Pois é! Que o diga John Terry, defesa-central do Chelsea, que decidiu ir para a cama com a mulher de Wayne Bridge, antigo colega de equipa. E vistas bem as coisas, entre processos disciplinares e olhos negros, mais vale fazer bebés com a mulher de outros. Vamos embora!
E agora, se me permitem, vou mudar de assunto e arregaçar as mangas, porque o que se segue merece, da minha parte, total concentração e reflexão (na verdade não merece assim tanta, mas há que agarrar os leitores, como dizia um professor meu). Cá vai: a crónica do Mário Crespo foi censurada. Pára tudo! ‘E qual?’, perguntam vocês. Eu respondo: aquela na qual o jornalista faz acusações ao Governo e repudia todas as referências a censura. Por incrível que pareça, é essa mesma, meus caros. É caso para dizer que voltámos à época do lápis azul. Maravilhoso! E então o que é que podemos fazer em relação a isso? Ora bem, em primeiro lugar, podemos lutar pela liberdade de expressão em frente ao Parlamento. Se isso der muito trabalho, e acredito que dê, podemos sempre optar por chorar no colinho da mamã sempre que um texto nosso for rejeitado. Ou então podemos esbofetear o director do jornal que proibiu a publicação da nossa crónica. O que é que vos parece melhor? Agora percebem porque é que eu nunca achincalho ninguém nos meus textos! É que nem sempre posso dizer aquilo que penso, como acontece, aliás, com a maioria de nós. Por isso, sempre que se sentirem tentados a ofender com palavras o primeiro-ministro ou até mesmo o Carlos do Ídolos, pensem duas vezes, não vá algum bufo denunciar-vos e pumba… um processo em cima. Não é nada bonito!
E agora vou assoar o nariz que estou constipado! Até à próxima.

Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira