domingo, 30 de outubro de 2011

Reinventar o tempo



Um dos capitães de Abril diz que o poder foi tomado por um «bando de mentirosos» e apela aos militares para estarem ao lado da população caso se verifique repressão policial nas ruas. Vasco Lourenço acredita que os portugueses não vão aceitar a austeridade e apela aos militares para se unirem à população.
Vasco Lourenço revela-se escandalizado com promessas que o primeiro-ministro não cumpriu.


O coronel, actualmente na reserva, acredita que as medidas de austeridade vão gerar convulsão social com repressão da polícia. A confirmar-se esse cenário, Vasco Lourenço espera que os militares estejam do lado da população.
«A população certamente não vai aceitar de bom grado essas medidas [de austeridade] e eles vão tentar fazer pressão. Vamos ver como vão reagir as forças de segurança quando tentarem utilizá-las para fazer a repressão, depois espero que os militares tenham a vontade e a força suficiente para, como se passou no Egipto, dizer 'não' à repressão», afirmou.
Em declarações, à margem de um encontro em Lisboa de associações que representam os oficiais, sargentos e praças das Forças Armadas, Vasco Lourenço disse ainda ter ficado escandalizado com promessas eleitorais que o primeiro-ministro não cumpriu.



Talvez o dito coronel Vasco Lourenço tenha razão em alguns dos sentimentos que lhe atravessam a alma. Talvez sim. Mas só agora, volvidos tantos anos de incompetência, de governos que mais se assemelharam a um «bando de mentirosos», como ele próprio diz, é que constatou desta realidade? Para quem esteve no 25 de Abril, era suposto já se ter apercebido do lamaçal em que o País se meteu e, há muito, muito tempo devia ter saído a terreiro protestando como agora faz. A sua repulsa é a nossa repulsa. Só com uma diferença. É que a nós, povo simples, nunca nos foi dada a palavra que o coronel agora toma como sua. Por mim falo e, apesar de muito escrever e barafustar com este estado de coisas, nunca a TSF me deu o microfone para dar livre aso ao que sinto. Bem posso escrever, barafustar, eu e outros como eu, que jamais teremos o mesmo eco das nossas misericordiosas palavras como o senhor terá das suas com uma simples ida a um estúdio de rádio nacional. E repare que eu sei bem do que falo. Concedendo-lhe alguma razão no que pensa e diz, mesmo assim, fica-me a ideia de que todo este país mais não é que um grande sindicato de interesses, para não lhe chamar outra coisa mais grave. E para quem esteve tanto tempo calado e só agora se apercebe da quase tragédia que roça as nossas vidas, é pouco, muito pouco o que por elas fez o senhor coronel. Nós gostamos mais dos olhares e das convicções que despertam na altura certa e não no momento incerto. Agradecemos-lhe o seu alerta mas reprovamos a sua atrasada solidariedade. Pelo menos eu. Por último gostava muito de perceber, porque sou de compreensão lenta, sobretudo quando se trata de interesses militares e quiçá partidários, a que primeiro ministro o senhor se refere como sendo o que não cumpriu as promessas feitas. A mim alegrar-me-ia sobremaneira que o senhor me enunciasse aqueles que de facto as cumpriram. Devem ter sido esses todos que impediram que chegássemos ao ponto onde estamos.


Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emrgimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo.


Sophia de Mello Breyner(1919-2004)


Mário Rui

Estará o mundo em boas mãos?


A sociedade é um sistema de egoísmos maleáveis, de concorrências intermitentes. Como homem é, ao mesmo tempo, um ente individual e um ente social. Como indivíduo, distingue-se de todos os outros homens; e, porque se distingue, opõe-se-lhes. Como sociável, parece-se com todos os outros homens; e, porque se parece, agrega-se-lhes. A vida social do homem divide-se, pois, em duas partes: uma parte individual, em que é concorrente dos outros, e tem que estar na defensiva e na ofensiva perante eles; e uma parte social, em que é semelhante dos outros, e tem tão-somente que ser-lhes útil e agradável. Para estar na defensiva ou na ofensiva, tem ele que ver claramente o que os outros realmente são e o que realmente fazem, e não o que deveriam ser ou o que seria bom que fizessem. Para lhes ser útil ou agradável, tem que consultar simplesmente a sua mera natureza de homens.
A exacerbação, em qualquer homem, de um ou o outro destes elementos leva à ruína integral desse homem, e, portanto, à própria frustração do intuito do elemento predominante, que, como é parte do homem, cai com a queda dele. Um indivíduo que conduza a sua vida em linhas de uma moral altíssima e pura acabará por ser ultrajado por toda a gente - até pelos indivíduos que, sendo também morais, o são com menos altura e pureza. E o despeito, a amargura, a desilusão, que corroem a natureza moral, serão os resultados da sua experiência. Mas também um indivíduo, que conduza a sua vida em linhas de um embuste constante, acabará, ou na cadeia, onde há pouco que intrujar, ou por se tornar suspeito a todos e por isso já não poder intrujar ninguém.
Fernando Pessoa, in 'Os Preceitos Práticos em Geral e os de Henry Ford em Particular'

Mário Rui

sábado, 29 de outubro de 2011

Portugal pode acabar como País



Há uns tempos atrás ouvi o discurso do sociólogo António Barreto em declarações à margem da inauguração do 2º ano lectivo do Instituto de Estudos Académicos para Seniores, na Academia das Ciências de Lisboa.

Não que seja um ferveroso adepto desse tipo de cerimónias, chatas, sonolentas e quantas vezes insípidas, mas de facto de vez em quando convém lembrar que todos somos portugueses e que a nossa história, quer a mais mais longínqua, quer a mais recente, pese embora tudo o que dela têm feito, ainda consegue manter alguns traços de dignidade.

O orador, de quem de resto tenho ouvido umas coisas interessantes e sensatas, se bem que puramente académicas, repetiu o discurso corrente que tantas vezes temos ouvido pela boca de outros sociólogos, comentadores, analistas, cidadãos comuns e afins.

Por mero acaso, hoje mesmo reli esse discurso através desta rede que nos une globalmente e reparei num aspecto lá citado e do qual na altura em que o fiz, não me tinha apercebido.

Ora não é que António Barreto disse que Portugal podia acabar como País!!!! Na altura, não refelecti muito sobre esta afirmação mas, com a calma e serenidade com que pretendo gozar os dias em que não tenho que prestar contas ao meu patrão, comecei a pensar seriamente em tal dito e, subitamente nasceu em mim como que uma alma nova. «Portugal podia acabar como País». Finalmente apreceu alguém que arrasta consigo uma quase secreta esperança quanto ao nosso país.

Percebi que, afinal, assim como um bom estudante pode acabar como um excelente médico, professor ou o que seja, também Portugal poderá acabar como País. Ora aí está uma lufada de ar fresco, um instinto, um momento lúcido que ainda ninguém tinha transmitido ao povo. Ainda podemos vir a acabar como sendo um País. Não me canso de repetir este sublime pensamento já que finalmente surge uma luz ao fundo do túnel!

Em suma, e de um ponto de vista geral, António Barreto filosofou e, quem sabe, acertou. Terá sido o lado humano, demasiado humano deste homem a falar, que nos ajudou a sermos mais assertivos e mais crentes quanto ao que se passa no país, ou será que fui eu a perceber erradamente o que ele disse? O que Portugal poderá é acabar como nação, desaparecer simplesmente? Em qualquer dos casos e reflectindo ainda mais sobre o assunto, lá me volta outra vez a dúvida.

Se me lerem, peço-vos encarecidamente que me elucidem. Barreto fez chalaça com a declaração ou eu é que estou a brincar com coisas sérias? Oh António, explica-me tu!

Mário Rui

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Estátua da liberdade faz hoje 125 anos


Foi um presente de amizade dado por França aos EUA destinado a assinalar o centenário da independência, mas acabaria por só estar concluída dez anos mais tarde.


Mário Rui


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Afinal, o Goldman Sachs manda no mundo?



Respondia eu, há alguns dias atrás, a um amigo no FazDeBook, a propósito do título deste 'post' e do seu conteúdo, conteúdo feito notícia, na altura veículada pelo jornal Económico: «poderei estar enganado, mas só o nome do banco já me assusta. É Sachs, o que sempre me faz lembrar que na sua retaguarda estará qualquer coisa de germânico-judeu».


Não que tenha algo contra a natureza deste sentir ou ser-se germânico-judeu mas, sempre me pareceu, que estes homens eram difíceis de perceber e ainda mais difíceis de descobrir. Insondáveis as suas congeminações e, então, enquanto espero, converso comigo mesmo, repousadamente. Já poucos me contam algo de novo, razão pela qual contarei algo a mim próprio. E o que disse na altura, pese embora o facto de nada perceber de economia, exceptuando aquela que a mim me impuseram por cretinice de alguns, afinal não andava muito longe da verdade. É que ser-se velho, não se tratando propriamente de um estado pessoal muito agradável, digo eu, tem pelo menos a vantagem de nos educarmos a nós próprios para a severidade, a dureza e a hipocrisia de muito 'boa' gente.


Pronto, já desabafei e então agora peço-vos que leiam a notícia de última hora que já faz manchete em alguns periódicos e não só. Aí vai:


«Crimes financeiros. FBI prende ex-director da Goldman Sachs sob acusações de inside trading
EUA seguem exemplo islandês e começam a julgar um dos responsáveis pelo estalar da crise financeira em 2008. Occupy Wall Street regozija.
One down, hundreds to go” (um já está, faltam centenas) foi a reacção de alguns seguidores das páginas de movimentos ligados ao Occupy Wall Street no Facebook assim que a notícia foi publicada: Rajat Gupta, ex-director da instituição financeira norte-americana Goldman Sachs, entregou-se às autoridades federais dos Estados Unidos para ser julgado por crimes financeiros.Um dos mais respeitados nomes da elite do mundo financeiro foi detido pelo FBI na manhã de ontem, em Nova Iorque, uma hora depois de duas fontes da Goldman Sachs terem avançado sob anonimato à AFP que o ex-CEO pretendia entregar-se às autoridades – depois de ter sido indiciado por uso ilegal de informações privilegiadas para obter lucro nos mercados, o famigerado inside trading


Já perceberam quanto é insultuoso incluir-se hoje o homem, que se expressa com rodeios e parábolas e mentiras e desonesto, entre os que lutam uma vida inteira na procura de um amanhã mais sorridente?


Mário Rui

O pássaro de fibra de carbono




O novo Boeing 787 Dreamliner aterrou hoje em Hong Kong, destino escolhido para o voo comercial inaugural do mais recente modelo do fabricante americano que durou quatro horas e oito minutos.
O 787 Dreamliner descolou do Aeroporto de Narita pelas 12:45 horas locais (04:45 em Lisboa) com um total de 240 passageiros a bordo, sendo que alguns despenderam dezenas de milhares de dólares para aceder ao privilégio.
Hoje foi operado um voo 'charter' pela companhia All Nippon Airways (ANA), a quem foi entregue a primeira aeronave, estando o arranque dos serviços regulares agendados para Novembro.
Depois de ter efetuado o primeiro voo internacional comercial entre Tóquio e Hong Kong, a transportadora japonesa ANA pretende abrir as linhas internacionais regulares com destino a Pequim até ao final do ano. Já em 2012 a companhia planeia iniciar a rota de Frankfurt.
A partir de 2013, o construtor americano planeia fabricar, por mês, dez Boeing 787 Dreamliner, após a produção da aeronave ter sofrido uma série de problemas técnicos, que custaram milhões de dólares e obrigaram ao cancelamento de encomendas.
O desenvolvimento do novo modelo da Boeing atrasou-se cerca de três anos quando cerca de 50 companhias em todo o mundo tinham rubricado encomendas para 800 aviões do modelo de voos de longo curso.
O 787 Dreamliner é maioritariamente construído em fibra de carbono e outros materiais leves, que lhe retiram peso proporcionando uma poupança de combustível na ordem dos 20 por cento relativamente a outras modelos de aeronaves de comparável envergadura.
O Japão, país onde a Boeing detém hegemonia sobre a rival Airbus, figura como um mercado de grande dimensão para o novo Boeing 787 Dreamliner

Mário Rui

Parlamento Italiano




Eu bem sei que, ainda, não foi cá. Mas pelo caminho que isto leva, também cá há-de chegar. Porque o Homem da minha civilização não se define através dos homens. São os homens que se definem através dele.

Mário Rui

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Povo que lavas no rio

Povo que lavas no rio é uma canção portuguesa, um fado, com letra do poeta Pedro Homem de Mello, interpretada originalmente por Amália Rodrigues com música de Joaquim Campos.
Depois da proibição do Fado de Peniche na
rádio por ser considerado, pelo regime ditatorial em vigor na época, um hino aos presos de Peniche, após a gravação e o lançamento nas rádios, Povo que lavas no rio ganhou dimensão política.
Talvez devido a esse mesmo facto, as opiniões quanto à interpretação da letra de
Pedro Homem de Mello, poeta português de excelência, divergem em absoluto: enquanto alguns críticos creem que o poema imortalizado por Amália Rodrigues seja um depoimento de amor ao povo português o qual, ainda segundo esta linha de pensamento, enfrentava uma situação de grande pobreza no tempo da ditadura salazarista, considerando o país da época como sendo rural e economicamente pouco desenvolvido face à industrialização europeia, outras correntes tendem a ver nas suas estrofes uma lírica de cariz fortemente ligado à homossexualidade masculina, acentuada pelos contornos de incursões às tabernas populares, onde o narrador teria procurado os seus parceiros, e visto recusadas as suas investidas ou, mais ainda, qualquer envolvimento sentimental mais profundo.
Daí as referências ao povo, neste caso portuense, que teria inevitavelmente tecido comentários aos seus devaneios, e dificultado a sua vida, ao beijo inconspícuo da partilha do mesmo copo, simbolizando o beijo em público que era, nessa época mais conservadora, absolutamente interdito aos homossexuais e, acima de tudo, a confissão lírica, ao afirmar que teria dormido com eles na cama, e enlameado por ter mantido este tipo de vida proibída. O autor,
Pedro Homem de Mello, era ele próprio homossexual, e ter-se-ia assumido, não só através deste poema, mas também junto da comunidade que lhe era mais próxima, na Cidade do Porto, onde viveu, tendo sido assíduo frequentador do Café Rialto, em Sá da Bandeira.
Independentemente da divergência na interpretação da obra, a sua versão musicada em forma de
fado, tornou-se no ex-libris do género em Portugal, e a música que mais reconhece a intérprete original.


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
Um beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
Água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.
Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.


Mário Rui

Diferentes opiniões


O autor mais lido em Portugal nega que pretenda abalar a Igreja Católica com O Último Segredo. Em entrevista, garante que é Cristo o tema e pede para que, antes de o acusarem, o leiam e ponderem sobre as provas que apresenta - abundantemente - sobre as fraudes que estão na base do cristianismo.
A ficção e a realidade fundem-se perfeita e escabrosamente nas 563 páginas no novo livro de José Rodrigues dos Santos: O Último Segredo.
Livro? É melhor chamar-lhe desde já best-seller, porque é o único termo que define a edição anual das torrentes de escrita deste autor, tal é o sucesso junto dos leitores portugueses. Ficção? Parte do argumento pode ainda não ser plausível nos tempos que correm, mas, passem alguns anos, e poderá tornar-se realidade fazer que até um Jesus Cristo clonado volte ao reino dos vivos... Escabroso? A demolição que faz do cristianismo ao longo das primeiras 300 páginas deixa até o católico mais empedernido de pé atrás sobre a Bíblia...

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O jornalista da RTP, José Rodrigues dos Santos, com o aproximar do Natal fica à espera da prenda no sapatinho que nos últimos anos tem sido os rendimentos que aufere pela venda de livros de supermercado. "Romances" cujo destino é o olvido seguro de quem os não lê e oferece para leitura ligeira a quem a tal se presta.Este ano o tema é de tomo: a génese da Bíblia e a interpretação dos seus textos. Não em modo de ficção, mas com pura pretensão de romance histórico com fontes secretas. JRS não relega créditos para mãos alheias e enreda o romance numa série de aldrabices, ainda por cima todas copiadas, segundo o biblista Tolentino que também escreve em jornais. O chorrilho de disparates será tanto que o biblista escreve que "a quantidade de incorrecções produzidas em apenas três linhas, que o autor dedica a falar da tradução que usa, são esclarecedoras quanto à indigência do seu estado de arte”.Rodrigues dos Santos, apresentador de telejornais, pelos vistos não poupa na prosápia: já disse que o biblista não desmente um único facto...e por isso mesmo conta com as vendas nos supermercados para arredondar a conta no banco neste Natal. Para o próximo, sem subsídios, o livro de ocasião poderia ser sobre as aventuras dos jornalistas de informação da RTP para conseguirem ganhar em suplementos mais que o presidente da República ganha em salário.É que o mistério para tal é maior que o dos manuscritos de Qunran.

Mário Rui

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Empobrecendo alegremente



O primeiro-ministro defendeu hoje que Portugal só conseguirá sair da actual crise «empobrecendo» e desafiou quem conheça forma de diminuir a dívida e o défice «enriquecendo e gastando mais» a dizer como isso se faz.


É de facto um raciocínio brilhante. Mas afinal de contas Sr. Primeiro Ministro, o que andamos nós a fazer de há trinta e sete anos a esta parte? A empobrecer alegremente!


Pacóvios como somos, o que já deveríamos ter começado por fazer há muito tempo, já que a fartura nunca nos assistiu, era empobrecermos mas aborrecidamente. Aborrecidamente tem, neste caso, um sinónimo não de tédio, de maçador, mas antes de revolta. E a revolta, ainda que não fomentada por si, há-de chegar um dia destes. Ou temos que conformar-nos quando, por sobre o espírito de um povo que sofre, só passam variadas nuvens e perturbações, pequenos acessos de estupidificação, que nunca nos ajudaram a conquistar tudo aquilo a que temos direito?

Mário Rui

Omens sem H



Espantam-se? Não se espantem. Lá chegaremos. No Brasil, pelo menos, já se escreve “umidade”. Para facilitar? Não parece. A Bahia, felizmente, mantém orgulhosa o seu H (sem o qual seria uma baía qualquer), Itamar Assumpção ainda não perdeu o P e até Adriana Calcanhotto duplicou o T do nome porque fica bonito e porque sim.
Isto de tirar e pôr letras não é bem como fazer lego, embora pareça. Há uma poética na grafia que pode estragar-se com demasiadas lavagens a seco. Por exemplo: no Brasil há dois diários que ostentam no título esta antiguidade: Jornal do Commercio. Com duplo M, como o genial Drummond. Datam ambos dos anos 1820 e não actualizaram o nome até hoje. Comércio vem do latim commercium e na primeira vaga simplificadora perdeu, como se sabe, um M. Nivelando por baixo, temendo talvez que o povo ignaro não conseguisse nunca escrever como a minoria culta, a língua portuguesa foi perdendo parte das suas raízes latinas. Outras línguas, obviamente atrasadas, viraram a cara à modernização. É por isso que, hoje em dia, idiomas tão medievais quanto o inglês ou o francês consagram pharmacy e pharmacie (do grego pharmakeia e do latim pharmacïa) em lugar de farmácia; ou commerce em vez de comércio. O português tem andado, assim, satisfeito, a “limpar” acentos e consoantes espúrias. Até à lavagem de 1990, a mais recente, que permite até ao mais analfabeto dos analfabetos escrever sem nenhum medo de errar. Até porque, felicidade suprema, pode errar que ninguém nota. “É positivo para as crianças”, diz o iluminado Bechara, uma das inteligências que empunha, feliz, o facho do Acordo Ortográfico.
É verdade, as crianças, como ninguém se lembrou delas? O que passarão as pobres crianças inglesas, francesas, holandesas, alemãs, italianas, espanholas, em países onde há tantas consoantes duplas, tremas e hífens? A escrever summer, bibliographíe, tappezzería, damnificar, tnitteleuropãischen? Já viram o que é ter de escrever Abschnittfürsonnenschirme nas praias em vez de “zona de chapéus de sol”? Por isso é que nesses países com línguas tão complicadas (já para não falar na China, no Japão ou nas Arábias, valha-nos-Deus) as crianças sofrem tanto para escrever nas línguas maternas. Portugal, lavador-mor de grafias antigas, dá agora primazia à fonética, pois, disse-o um dia outra das inteligências pró-Acordo, “a oralidade precede a escrita”. Se é assim, tirem o H a homem ou a humanidade que não faz falta nenhuma. E escrevam Oliúde quando falarem de cinema. A etimologia foi uma invenção de loucos, tornemo-nos compulsivamente fonéticos.
Mas há mais: sabem que acabou o café-da-manhã? Agora é café da manhã. Pois é, as palavras compostas por justaposição (com hífens) são outro estorvo. Por isso os “acordistas” advogam cor de rosa (sem hífens) em vez de cor-de-rosa. Mas não pensaram, ó míseros, que há rosas de várias cores? Vermelhas? Amarelas? Brancas? Até cu-de-judas deixou, para eles, de ser lugar remoto para ser o eu do próprio Judas, com caixa alta, assim mesmo. Só omens sem H podem ter inventado isto, é garantido.
Nuno Pacheco, Jornalista (in Público)

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

domingo, 23 de outubro de 2011

Revoltas



Como os políticos enriquecem em Portugal




O pequeno livro, ensaio sobre a pouca-vergonha no Portugal político, é de leitura obrigatória.Começa logo por uma citação de António Barreto, o sociólogo agora presidente da fundação do Pingo Doce. "O assunto mais tenebroso da corrupção portuguesa é que há muitos factos que não são vistos como corrupção."E cita depois o exemplo das nomeações das direcções-gerais e presidentes de institutos que são feitas por favores partidários, o que é pura corrupção e favoritismo político-partidário que no entanto se subtrai à esfera penal porque não é crime.



Mário Rui

sábado, 22 de outubro de 2011

Líbia


Será o renascimento de uma nova e luminosa Nação?
Mário Rui

Ser benfiquista


Esta é a mística benfiquista. Somos grandes!

Mário Rui

Queridos filhos


Queridos filhos, na altura vocês não podiam votar. Votei eu por ambos e pela vossa geração. Votei com a certeza que o prazo do ajustamento que nos foi imposto, desde há muitos anos, não permitia que fosse tudo feito sem grandes subidas de impostos. Pela primeira vez na minha vida vou ficar sem um mimo no natal para que vocês tenham o vosso. Mas tenho um sorriso na cara. Porque pela primeira vez um ministro afirmou o que o pai diz há muito: não poder ser despedido vale muito dinheiro. E isso é o primeiro passo para que o sacrifício do vosso pai se transforme num futuro melhor. Se Deus quiser, vão ser vocês e as vossas ideias o motor de crescimento do país e não um governante a pensar que fazendo um túnel submarino a ligar Lisboa ao Algarve irá relançar a economia. Não quero ter de explicar porque é que no GPS aparece uma auto-estrada colada à A1. Quero, antes, explicar-vos que a redução do tamanho do estado será o melhor estímulo para a próxima década. E, para finalizar, quero dizer-vos que, de uma forma muito perversa, temos a sorte de estar a sofrer agora uma mudança que vai afectar todo o planeta. E por isso vos digo: não deixem de acreditar no país, por muito que isso vos custe. Eu, e outros pais, haveremos de lutar para que a embriaguez estática dos homens que nos governaram e ainda governam, cesse e daí advenham muitas consolações de um quotidiano que virá mais radiante que todos estes últimos anos de sufoco.
Mário Rui

(in Blasfémias)

Este nosso tempo.



Por muito que me chamem de pessimista, eu continuo a defender a ideia de que Portugal está despedaçado, em cacos que jamais se poderão unir, colar, para fazer dele um novo País. De tudo o que vejo, leio e oiço , só uma impressão me fica. A partir de agora acho que nem a convicção, nem a fé nos ajudarão a chegar a um estado, mínimo que seja, de felicidade.

E, o que mais me deprime é ter a sensação, senão mesmo a certeza, de que o povo de nada se apercebe. Julga que estamos hoje como ontem, quando o ontem era uma época de alguma esperança, de algum júbilo de algum desafogo. Mas não é assim que acontece. De facto estamos mesmo muito, muito mal. Pouco a pouco não consegue este povo assimilar uma era que precisa de prazer, de fermento que refunde uma vocação de dignidade.

Tudo lhes parece bem. Tudo lhes parece nobre e, pesem embora as dúvidas e as ténues manifestações que às vezes tomam em mãos, por aí se fica este leal e passivo povo.
Tão mal estamos que já nem sei se vale a pena apontar o dedo aos que nos votaram a esta realidade.

Perguntar-me-ão, então , o que fazer. O que está ao nosso alcance para reverter o caminho que nos indicam e que nos levará pela certa ao infortúnio, à desgraça? Já por mais de uma vez o disse. Não partidarizemos este nosso tempo. Unamo-nos e dada a importância desta luta, tudo o mais há-de ser indiferente.

Esta luta precisa de quem grite, pode ser na rua – não vejo mal algum nisso- pode ser através da escrita, pode ser por meio de actos que abanem consciências maléficas que sempre nos condenaram a um estar de vassalagem, mas façam-no, por favor. Gritem contra os que nos desprezaram, contra os que sempre preferiram tomar a defesa dos seus próprios direitos, leia-se mordomias, dinheiro sujo, quantas vezes com cheiro a sangue.

Deixámo-los abusar da nossa paciência durante muito tempo. Tempo demais. É chegada a altura de termos uma conversa com essa gente. Que não há-de ser nada pacífica, nem dócil. Perante aquilo a que temos direito, seja liberdade sejam melhores condições de vida, apostemos tudo na nossa atitude de impertinência e provocação. Outros assim o têm feito e com vantagens. Não queremos estas governanças como companheiras. Só são inofensivas quando se mostram em público. Nunca para o lugar para onde nós vamos!

Mário Rui

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Khadafi


E pronto, o mundo livrou-se de mais um ditador.
Khadafi acabou coberto de sangue e desonra, um palhaço decrépito amarrotado entre uma multidão de «ratos» em júbilo, desejosos de lhe limpar o sebo.
Os vídeos do coronel «Cão Raivoso» arrastado pelos rebeldes quando estava semi-vivo e exibido nas ruas já depois de morto andam a ser mostrados pelos media online e televisões sem grandes pudores, mas estas coisas são assim: todas as histórias têm um princípio, meio e fim, esta foi uma longa novela e a malta precisava mesmo de um final apoteótico.

Mário Rui

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Que imagem preferem?





Confesso que não é tanto o facto de se tratar de um satélite, de seu nome ROSAT (abreviatura de Rontgen satellit), poder vir a cair na Terra na próxima semana, entre 21 e 24 de Outubro, que me assusta. Já me causa um grande arrepio não se saber ao certo qual o local em que tal bicharoco irá cair. É assim mesmo.


A Agência Espacial Europeia (ESA) refere que os riscos potenciais da queda são maiores do que o UARS da NASA, que caíu no oceano Pacífico, no passado dia 24 de Setembro.


O que verdadeiramente mais me preocupa, é que se trata de um satélite alemão. Alemão, sim. Como a tecnologia bélica nazi ultrapassou barreiras ao tentar implementar as mais perfeitas máquina de guerra, assunto que ainda é motivo de controvérsias em pleno século XXI, eu sei lá o que anda essa gente a congeminar. Lembram-se dos foguetes V2, da tecnologia infravermelha, caças com designs aero-dinâmicos e tanques gigantescos. Esses são meros exemplos das tecnologias criadas por cientistas nazis durante a Segunda Guerra Mundial, cujas intenções eram a aniquilação rápida dos adversários do 3º Reich e a supremacia militar de um império motivado por ódio e rancor.


Evidentemente que hoje ninguém acredita que tal barbárie se venha a repetir. Digo eu...
Em todo o caso, devo acrescentar que aquilo a que alguns chamam de civilização é o estado actual dos seus costumes e o que chamam de barbárie são os estados anteriores. Daqui facilmente deduziremos que os costumes presentes serão chamados bárbaros quando forem costumes passados.


Bom, dito isto, quem me garante que esta estrutura prestes a cair não vai aleijar por aí um qualquer incauto cidadão ou, pior, não nos vai cair no prato da sopa. Havia de ser o bom e o bonito. Com a crise que vai grassando por essa Europa fora, com a simpatia da actual líder alemã, Frau Angela Merkel, eu sei lá para onde estão apontadas as baterias do inconformismo germânico, sobretudo para com a actuação desastrosa de alguns governos que até me escuso revelar, tão conhecidos são.



Também não quero aqui afirmar que um pedacito desse monte de sucata vindo do além, nos vá causar propositadamente um grande dano. Bom, seria mais um a juntar a tantos outros com que já nos debatemos. Em Portugal, é deste país que estou a falar. Era mesmo só o que nos faltava.


Mas lá que vai cair, é verdade. Que é alemão, também está provado que sim. E agora o que dizer, sempre em jeito de graçola séria e pensada, apesar de graçola, a propósito de tão irritante queda? Houve um tempo em que se dava habitualmente aos alemães, como sinal de distinção, o epíteto de «profundos»; agora, que o tipo de maior êxito do novo germanismo ambiciona honrarias completamente diferentes e talvez sinta, em tudo o que tem profundidade, a falta de «aprumo militar» que lhe foi tirado há sessenta e seis anos, quase é oportuno e patriótico duvidar-se de não ter sido engano aquele antigo elogio.


Enfim, isto sou eu a pensar alto e a provocar ruído. De todo o modo, caras portuguesas e portugueses, cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Assim sendo, entre 21 e 24 de Outubro do ano da graça de 2011, não vá o diabo tecê-las, e sendo nós supersticiosos, o melhor é virar a cabeça para o céu e, desconfiando de qualquer anormalidade que se movimente velozmente em direcção ao nosso chão sagrado (grande Amália), fujam e procurem abrigo seguro.


Euros não serão com toda a certeza e portanto só pode tratar-se de parte, ou do todo, do satélite de que vos falo. Agora armem-se em altruístas e tentem apanhar um parafuso que seja de tão diabólico e estranho objecto com origens alemãs. Se de Espanha, dizem os antigos, não vem bom vento nem bom casamento, então da velha Alemanha certamente não virá nenhum adoçamento. Depois não digam que não vos avisei.

Mário Rui

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O discurso




As opiniões mais moderadas são sempre as mais cómodas e, possivelmente as melhores. A minha atitude não significa, pois, que me sinta obrigado a considerá-las boas, quando estas deixam de o ser, porque descobri outras melhores. Vamos ver se de facto consigo que alguém me dê outras melhores...Quanto ao resto, depois de fazermos tudo o que está ao nosso alcance, o resultado já não depende de nós. Consequentemente, ninguém é infeliz por não alcançar o que dele não depende.


Mário Rui

Correlativo à Grécia berço da democracia




Um homem verdadeiramente visionário. Avançado para e no tempo em que viveu. Seria mesmo um profeta? A propósito, ainda se ensina literatura portuguesa no ensino público do meu país? Se ainda há esse «mau hábito», então o melhor será não dar Eça de Queirós a ler aos mais jovens. Desconfio que muitos deles irão fugir do banco da escola quando se aperceberem das verdades ontem escritas, e hoje praticadas. Ora leiam;


»Nós estamos num estado comparável, correlativo à Grécia: mesma pobreza, mesma indignidade política, mesmo abaixamento dos caracteres, mesma ladroagem pública, mesma agiotagem, mesma decadência de espírito, mesma administração grotesca de desleixo e de confusão. Nos livros estrangeiros, nas revistas, quando se quer falar de um país católico e que pela sua decadência progressiva poderá vir a ser riscado do mapa – citam-se ao par a Grécia e Portugal. Somente nós não temos como a Grécia uma história gloriosa, a honra de ter criado uma religião, uma literatura de modelo universal e o museu humano da beleza da arte.»

Eça de Queirós, in 'Farpas (1872)'


Mário Rui

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

O emigrante



Francamente...
Por muito que queira abster-me de comentar a situação política e económica em que o nosso país se encontra, não consigo fugir à vontade indómita que acaba por me dominar e assim trazer à liça tudo aquilo que me parece demasiado bacoco, quando pronunciado por gente com responsabilidades políticas. Seja gente do partido A, B, ou C, tanto me faz, como me fez. Tenho é que deixar a minha própria marca na comunicabilidade dos meus persistentes pensamentos quanto à dureza do que ouço, vejo e leio. E hoje li, no Jornal de Notícias, um título e um texto que me deixaram verdadeiramente irritado. Mais um. Então não é que um tal Sr. João Ribeiro, porta-voz ou secretário nacional do novo e seguro Partido Socialista afirma que , e passo a citar: “ se não fosse a posição que ocupo também eu emigrava”. Segundo a rigidez dos meus princípios, se tal posição é desbocadamente proferida por alguém que se assoma como porta-voz de um partido, então eu desisto já de acreditar na pessoa que o disse e no partido que acolhe no seu seio gente desta. Nem Salazar, nem o Estado Novo, teriam estado tão bem quanto o senhor Ribeiro ao proferir tal declaração. Esses corriam com os seus concidadãos para o mundo novo, mas depois ‘caçavam-nos’ na fronteira. Mas maus como eram, sempre praticavam o acto no silêncio da escuridão. Não que isso seja, ou tenha sido uma vantagem ou mesmo tenha feito deles seres mais nobres. Não! Não conseguiram tal desiderato e por isso mesmo foram, e muito bem, castigados esses políticos-governantes. Será que o apelo agora feito, porque é disso que se trata, retoma um certo jeito de fazer política que nem ao diabo lembra? Pelo caminho que trilha este porta-voz, seria preferível ser guarda-voz, essas excelentes declarações acabarão por ganhar o coração do povo? Não creio! Faça exactamente o contrário e verá que conquistará mais pessoas para a sua causa política qualquer que ela seja. Como é que as pessoas que leram isto, se podem regozijar com um prejuízo? O sr. não percebeu que Portugal não quer emigrar? Portugal quer contar com homens e mulheres cá dentro, gente silenciosa mas decidida, gente que sabe contentar-se com a sua tarefa invisível e indivisível, perseverantes. Gente que, em todas as coisas procura apaixonadamente o obstáculo a vencer. E sabe qual é o obstáculo? É exactamente aquele que uma geração inteira de políticos da sua escola lhes deixou por palavras, actos e dívidas infindas. Eis as esperanças em que a maior parte dos portugueses, que o senhor aconselha a emigrar, ainda acredita. Mas realmente em que podereís vós ver , mas em que é que podereís bem sentir estas esperanças se a vossa estatura não conheceu esplendores, fartura, depois pobreza, miséria e, agora, desespero. Não lhe vai ser possível, não! É demasiado novo, ainda que sendo sociólogo, para perceber que não se dão conselhos destes a um País martirizado. Há expressões de espírito, há sentenças, uma mão cheia de palavras, nas quais , de repente, se pode cristalizar uma sociedade. Pense bem nas palavras ocasionais antes de as proferir. Não é emigrando, perdendo o que de bom este país tem, que se provará o seu senso de responsabilidade perante os males da nossa própria sociedade.
E qual direita a que o senhor se refere, qual esquerda, qual centro? Nós, os portugueses, só queremos que emigrem definitivamente, os asnos que nos obrigam a puxar a carroça do nosso amado povo.


Mário Rui

domingo, 16 de outubro de 2011

Uma mulher assim ...



O tempo e a experiência ensinam-nos que mais vale uma mulher inteligente do que bonita. Engraçada do que perfeita. Educada do que rica. Simples do que fútil.


Com o tempo começamos a perceber que lá em casa preferimos uma mulher que se agarre ao comando da televisão para não o largar na hora da novela, mas que ainda assim nos acompanhe ao sábado à noite para uma bebida. Uma mulher que prefira a sua vida calma e pacata do que a correria constante ao shopping. Uma mulher que cuide mais dos nossos filhos do que dela ou de nós próprios. Um mulher que fale dos problemas económicos, das contas para pagar e do colégio dos filhos, do que uma mulher obcecada por estética, consumista e sedenta de aceitação social.


Com o tempo começamos a perceber também que é preferível uma mulher simples e útil, do que uma manequim de vitrina. Uma mulher com sentido de humor a uma cara bonita. Uma mulher actualizada a uma acomodada. Uma esposa a uma amante.


Com o tempo passamos a interessar-nos por uma mulher dedicada e ambiciosa, segura e de convicções fortes. Com o tempo passamos a importar-nos mais com as mulheres de verdade, com aquelas que não precisam de ninguém para chegar onde querem, com as que cozinham e falam com os animais e plantas lá de casa, enquanto nos obrigam a nós, homens, a tratar do jardim, da garagem ou dos trabalhos de casa dos miúdos.


Com o tempo deixamos de lado as menininhas e os seus joguinhos fúteis e ocos para nos dedicarmos às mulheres a sério, às que subtilmente nos mostram o céu e o inferno, o bom e o mau, às que não se importam com o que os outros pensam, e às que se conhecem bem o suficiente para saberem quem são e o que querem.


Com o tempo passamos a preferir uma mulher assim, porque na perfeita comunhão que existe entre nós e a nossa experiência percebemos que com ela passaremos mais tempo em pé do que deitados.

Rui André

sábado, 15 de outubro de 2011

E porque canta o galo à meia-noite?


Amanhã discutiremos este importante assunto de modo a que possamos tentar perceber tão insólito acontecimento e como tal facto pode afectar a consciência do homem. Pelo menos a minha.

Mário Rui

Sem título



Eu bem sabia que o que tem importância não é o que se enuncia, mas a garantia que está por trás do enunciado.

Mário Rui

Vontade e docilidade



O Governo decidiu "o corte total dos subsídios de férias e Natal", para o próximo ano.A medida de austeridade que afecta de modo relevante e colossal ( o adjectivo é para repetir) tem um custo para o Governo: daqui para a frente não se tolerará qualquer sinal de desperdício e regalias injustificadas. E são muitas as que têm de ser cortadas, a começar pelos políticos, claro está. Se os sacrifícios são para toda a classe média que paga impostos será intolerável ler ou saber coisas acerca de escândalos avulsos que provavelmente irão aparecer, porque há "na política" quem ache que os sacrifícios são para os outros e que uma regalia aqui ou ali não faz mal nenhum. Há entre certos políticos que enriqueceram de modo oportuno por estarem na política e nada mais fazerem ou saberem fazer, em actos e outras mordomias para inglês ver, quem pense que estes pequenos privilégios pouco ou nada contam porque são uma gota no oceano e ninguém repara. Engano crasso! Cuidado! Para começar, enumero apenas uma: o subsídio que os governantes recebem a título de compensação por viverem fora do local onde trabalham ( em Lisboa) e que foi aumentado ignobilmente pelo último governo do Inenarrável que mais tarde ou mais cedo prestará contas, tem de ser reduzido drasticamente. Pelo menos 50% para baixo. E se o não fizerem podem limpar as mãos à parede com o apelo aos sacrifícios para todos.
Mário Rui

Dignidade ferida



Segundo o jornal “Correio da Manhã”, em caso de vitória frente à Bósnia e consequente apuramento para o Euro 2012, cada jogador irá receber 112 mil euros.


E estes garbosos mancebos, tantas vezes sem pão para comerem, bem merecem. De facto, isto só prova que o País está de boa saúde, prenhe de abundância e riquezas mil. Afinal, hoje como ontem, os dirigentes nacionais, sobretudo os que tutelam esta área, ainda comungam da expressão que habitualmente uso para melhor caracterizar o assunto: 'sempre que Portugal marca um golo, o mundo pula e avança'. Vergonha, é o que sinto. Tanta austeridade, tanto sacrifício, tanta miséria e continuam a querer fazer de nós mentecaptos, cidadãos sem direito a uma vida minimamente decente. Austera, mais esta medida. Veneremos pois os jogadores de futebol, idolatremos o que nada vale para a saída de uma crise que jamais acabará, especialmente com exemplos destes. E há muitos mais que, infelizmente, desconhecemos.
Juro solenemente que, com estas condições de desrespeito para com a população que trabalha e que tanto tem apoiado estes bafejados pela sorte, jamais ficarei hipnotizado com os vossos belíssimos toques de bola. Assim sendo, só espero que, em nome da Pátria agonizante que é a nossa, e com este fenómeno de dinheiro fácil ofertado a quem o não merece, resta-me a única alternativa possível e digna; percam doravante os jogos todos que vierem a disputar mais aqueles que nunca disputarão. Dirigentes e demais gente sem princípios e sem fins que gira em torno deste futebol assim visto; não quereis compreender que os outros homens e mulheres são seres que sofrem muito para dar de comer aos filhos? Para os vestir? Para os educar? Para vos sustentar. É gente que até sofre tão-só com a electricidade do ar e das nuvens. Neste quadro, meus senhores, convirá acrescentar que vós ignorais completamente que os vossos músculos estão muito lassos e a vossa cabeça demasiado obscura para que acheis a pedra destes degraus tão dura quanto ela é para nós. Mudem de vida e não defendam permanentemente mentiras, conjecturas e sentimentos diferentes dos nossos. Dos que vos sustentam.

Mário Rui

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

E assim vamos cantando e rindo.




Mário Rui

Enganem-me que eu gosto.



Meus caros amigos desde já vos aviso que esta espécie de crónica dos maus costumes - os meus – não vai ser nada simpática para alguns ouvidos. Daí que, com a devida vénia agradeço que pessoas mais sensíveis ao terror que aí vem, não a leiam. Certamente que não agradará a muitos, e mesmo os poucos que eventualmente lhe venham a pôr a vista em cima, acharão que estou exagerando na minha leitura e aconselhamento, já tenho idade e maturidade suficientes para tal, quer os meus leitores acreditem ou não. No meu país de brandos costumes, tudo o que diz respeito à cidadania de cada um de nós, soa a falso. Desde logo comungo da opinião daquele que um dia exclamou, e agora o comprendo, “que se o meu e o vosso voto valesse alguma coisa, já há muito teria sido proibido!” Não valeu de nada ao longo destes trinta e sete anos de democracia. Eu dissse democracia? Enganei-me, tem sido tudo menos isso e estamos todos à espera que nos advirtam de ter chegado a hora do nosso declínio final, que o mesmo é dizer estamos à espera que fechem a porta e nos vendam, quais escravos, a uma verdadeira potência. Ainda assim conseguimos ser, na pretensa douta mas sempre em jeito de farsa opinião de alguns, um verdadeiro paraíso.

Vou, por agora, virar a página. Pior que nós estão por exemplo a Suécia que está economicamente de rastos. Só sobrevive o gelo. A Noruega, com petróleo ou sem petróleo, está na banca rota. Só lhe restam os fiordes. A Dinamarca, melhor é nem falar dela. Está endividada até ao pescoço, os seus cidadãos arrastam-se penosamente pelas ruas desertas como se de um filme de Pasolini se tratasse. Reduzida à sodomização entre crentes vikings. A França, a sede da cultura mais refinada, já declarou o fim da República e agora vai enveredar por um Estado sem nome, sem dinheiro, sem sustento para os seus concidadãos e, mais dia menos dia, sossobra. Evapora-se. A Inglaterra, em maior ou menor grau de dificuldade, vai apelar ao Amadis de Gaula para vivenciar de novo o idílio entre esta personagem e Flérida, filha do Imperador de Constantinopla. Assim livrar-se-á da difícil situação económica e amorosa em que está e mantém os seus súbditos minimamente nutridos de modo a que não possam exigir muito. A Alemanha, esse germânico Estado, está pela hora da morte. Agora só lhe falta dar continuidade à caça aos “judeus errantes” para sobreviver. Desta vez vão ser eles o feitiço que se há-de virar contra o feiticeiro.

Voltanto ao meu lugar de origem, Portugal, volto a carregar na tecla do pessimismo, que é o meu. Adoro este país, abomino alguns portugueses. Aqueles que tudo roubaram a quem já pouco tinha para dar, aqueles que dão, ou deram, nascença às singularidades amostras humanas que o pobre povo honra com o nome de alguns políticos, montros de moral que fazem barulho e que fazem história, mas quase sempre pelos piores motivos. É assim este lugar. Nunca ouviram falar do louco que acendia uma lanterna em pleno dia e desatava a correr pela praça pública gritando sem cessar: «Procuro Deus! Procuro Deus!» Mas como os da praça pouco acreditavam em Deus, o grito do louco provocou grande riso. «Ter-se-á perdido como uma criança? Terá embarcado?» Assim gritavam e riam todos ao mesmo tempo. O louco saltou no meio deles trespassou-os com o olhar e disse. »Para onde foi Deus?», exclamou «é o que lhes vou dizer. Matámo-lo... vocês e eu!» Pois bem, somos nós, nós todos, os seus assassinos! No meu lugar assim aconteceu também. Uns delapidaram o nosso querido Deus, leia-se Portugal, outros serviram-se dele para atingir mais altos cumes na esperança que tal façanha lhes trouxesse mais fama, mais notoriedade e sobretudo mais fortuna. E tudo o que conseguiram foi acabar com o bom tempo de outrora. Sim, não me contem mais histórias sórdidas. Houve outrora um tempo bom. Um destes dias contar-vos-ei do Sol, da ética, da solidariedade que abraçava docemente as pessoas. Afinal, todos aqueles países que atrás enunciei com ironia balofa, e ainda hoje dignos da verdadeira designação de Nações, mais não fizeram que vigiar os ladrões e amar os bravos com ética. Só os lerdos do conhecimento se deixaram enganar. Nós! Nunca percebemos que quem nos (des) governou por tanto tempo nunca foi capaz de calar uma boa acção que tenha feito. Pelo contrário. Deram sempre nota de silêncio maquiavélico ao mal que nos estavam a infligir. Não me alongando muito mais, agora, só vejo um caminho.



Oferecer a essa cáfila o Livro da Ensinança de Bem Cavalgar, que não se limita a ser um simples tratado de equitação; é, antes de mais nada, o elogio caloroso da educação e da vontade.
O Leal Conselheiro é outra obra que lhes recomendo vivamente. É um conjunto de considerações morais e de conselhos de ordem prática com finalidade educativa, sendo igualmente um excelente manual cheio de ensinamentos éticos e mui nobres.
Aí vai finalmente o meu país com vento favorável à usurpação do pão dos pobres para saciar o estômago de quem nos levou à miséria. Já há muito que resolvi voltar as costas aos dominadores imberbes quando vi aquilo a que hoje se chama dominar, e que é fazer tráfico e comércio do poder – traficar com a gentalha.
A tudo isto se chama Portugal e as últimas notas que vos quero deixar como inequívoca do equívoco nacional, é esta espécie de crónica e o mais que se segue;

- Passos anuncia fim dos subsídios de férias e de Natal para salários acima de mil euros
- União Europeia.
- Cavaco Silva ataca eixo franco-alemão
- Estado entra mesmo no capital dos bancos com os 12 mil milhões da troika
- Reformas são “imprescindíveis” mas sociedade só apoiará se “sacrifícios pesados” não forem em vão
- CIP exige plano de emergência para financiamento às empresas
- Agricultura. O principal meio para alimentar e destruir o mundo
- Funcionários Públicos e pensionistas perdem subsídio de férias e de Natal em 2012 e 2013
- Governo regista buraco de 4 mil milhões
- Governo vai alterar subsídio de desemprego PS acusa Governo de divulgar documento por fugas de informação
- Governo só vai atualizar as pensões mais baixas
- Governo corta em 50% pagamento das horas extras
- Funcionários públicos em mobilidade vão ter salário mais reduzido
- Fisco vai multar faltas de pagamento das taxas moderadoras
- €7,4 milhões para salários de presidentes das Juntas de Freguesia
- Congelamento salarial no sector público nos próximos dois anos
- Hotelaria mantém taxa reduzida, restauração sobe para 23%
- Os bancos estão completamente descapitalizados
- Cortes na RTP passam sempre por redução de efectivos
- Governo vai cortar nos feriados e pontes
- Sindicatos de polícia querem levar o Estado a tribunal
- CGTP: sociedade portuguesa pode vir a "recuar muitos e muitos anos"
- Aumento do IVA na hotelaria terá efeito catastrófico nas agências de viagem
- Medidas do Governo agravam problemas do país
Mário Rui

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Ontem como hoje



Imagem do descontentamento do povo anónimo que continua a grassar quer seja nos EUA ou em outro qualquer lugar. E, segundo a opinião de alguns, este até é um país rico.

Riquezas ou fartura mal distribuídas, a velha luta dos pobres contra os mais ricos, a velha luta com que a humanidade, nós próprios, sempre nos debatemos. Há séculos. Ontem como hoje, leia-se Eça de Queirós, há 120 anos, o destino de alguns povos é este;

"Uma nação forte nada tem a temer da antipatia dos estrangeiros; uma nação fraca nada deve esperar da simpatia deles.

Que fazer? Que esperar? Portugal tem atravessado crises igualmente más: - mas nelas nunca nos faltaram nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não temos, dinheiro também não - pelo menos o Estado não tem: - e homens não os há, ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise me parece a pior - e sem cura.
O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo.”

Mário Rui

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Coragem



Mas tenho em mim isso a que chamo a minha coragem; e, até agora, conseguiu ela pôr fim a todos os meus desencorajamentos!



Mário Rui

Filhos e filhos.



Este promete ser mais um sucesso do psicólogo espanhol Javier Urra, autor do best-seller “O Pequeno Ditador”, também trazido até nós pela Esfera dos Livros, e que nos esclarecia quanto às mais adequadas formas de lidar com as crianças e com as suas exigências, baseando-se na experiência e em testemunhos reais. “O Que Ocultam Os Filhos, O Que Escondem Os Pais” ajudará o leitor adulto a entender melhor a fase da adolescência, pela qual os seus filhos podem estar a passar, e a ultrapassar as barreiras de comunicação que se interpõem tantas vezes entre pais e filhos. Com a leitura destes nove esclarecedores capítulos, poderemos entrever como partilhar a vida com o adolescente, em vez de a vivermos separados ou isolados nos nossos pequenos mundos. Para alcançar este diálogo saudável, ficam algumas pistas do autor, corroboradas por Daniel Sampaio, um dos mais conhecidos psicólogos portugueses, no prefácio.

Devemos promover o diálogo baseado na confiança, desmistificar assuntos considerados tabu, valorizar e respeitar as emoções do adolescente, fazendo-o sentir que tem importância e lugar nas decisões da família. Os pais são aconselhados a não ser agressivos e estarem disponíveis para ouvir. Acima de tudo, deve perceber-se que nem tudo pode deixar de ser segredo, dos filhos para os pais e vice-versa. Pais e adolescentes devem reflectir e procurar novas formas de relacionamento, pois a sociedade actual assim o exige. Esta obra fundamenta-se na experiência do autor e na recolha de inúmeros testemunhos concretos que foram depois devidamente trabalhados e analisados.

Destacam-se ainda os anexos com as suas tabelas descritivas das respostas obtidas nas entrevistas, questionários, um relatório específico sobre os jovens portugueses e os 78 dilemas e desafios da educação, de onde realçaria o propiciar o autoconhecimento. Vejam-se ainda os “silêncios cinematográficos", onde o autor deixa sugestões de filmes que retratam os dilemas da adolescência e que poderão servir de ponto de partida para a abertuda da via de comunicação. Como diz Javier Urra, “a educação não é uma ciência, é uma arte”.

Mário Rui

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Tudo se esfuma ... ...

"10 years ago we had Steve Jobs, Bob Hope and Johnny Cash. Now we have no Jobs, no Hope and no Cash."



Mário Rui

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Bom senso, bom gosto e... golpe d'asa



O bastonário da Ordem dos Médicos disse, na passada sexta-feira, em tom irónico, que o vício do tabaco é bom para as contas públicas e, como tal, o Estado deve estimular os fumadores.


Numa sessão promovida nessa sexta-feira à noite pelos rotários de Pombal, José Manuel Silva afirmou que «os fumadores pagam os custos na saúde que desencadeiam directa e indirectamente», um valor que «cerca de mil milhões de euros por ano».
De acordo com os dados mais recentes de que o bastonário dispõe, o imposto cobrado aos fumadores é de cerca de 1500 milhões de euros por ano.
«Nós até devemos estimulá-los a fumar, porque pagam um imposto elevadíssimo», ajudando as Finanças, e porque, «morrendo em média oito anos mais cedo, recebem menos oito anos de reformas», ironizou.


Mesmo que ironizando, acho Sr. Bastonário, que perdeu uma boa ocasião para estar calado! Nós bem sabemos que a opinião é livre, não pode nem deve ser é violentada. E já agora porquê dar conhecimento das nossas opiniões quando são tão ridículas? Amanhã, podemos ter outras. Ainda que mais irónicas. Bom senso e bom gosto ficam bem quando se trata de brincar com coisas sérias. O chamado 'golpe de asa' servirá também para brincar, mas nunca evocando o bem-estar e a saúde das pessoas.
Mário Rui

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

O reconhecível



Por muito que me custe falar sempre do mesmo, a verdade é que o reconhecível não pode ser escamoteado. Já nem sei se não será melhor conceder ao futuro, à evolução, mais sentido e mais valor do que ao presente ausente. Completamente confuso, é o estado em que está o mundo. Qualquer dia é só uma imensa vaga de escombros, a menos que consigamos eliminar os seus melhores destruidores. Correndo o risco de desgostar ouvidos inocentes, o melhor é mesmo aconselhar uma felicidade inquieta no estar perscrutando e esperando!


Mário Rui

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

João Jardim lisboeta?


Mas quem é que faz cortes cegos ?!?!
Este António Costa parece um menino grande a brincar às Farm Villes....
A CMLisboa continua com um buraco de endividamento de mais de 1000 milhões de euros. Mas António Costa continua a desbaratar dinheiro construindo pistas de ciclismo para os papás e os filhinhos se divertirem nos fins de semana... Nos outros países, onde há dirigentes mais competentes, fazem-se pistas de ciclismo para alternativa à utilização de viaturas, nos percursos para o serviço ou para zonas comerciais. Em Lisboa A.Costa fez uma brincadeira de quintinhas junto ao Colombo (onde enterrou milhões de euros dos nossos impostos) e não pára de fazer pistas para divertimento !!! Travem este João Jardim lisboeta !!!!



In 'i online'

Steve Jobs


Poucas são as figuras públicas que têm o poder de me tocar pelo seu carisma, sentido de liderança e algo mais que nem sempre é fácil de explicar, mas que se sente bem cá dentro.
Steve Jobs estava, sem dúvida, entre as personalidades que, eu diria pela sua simplicidade, humildade e genialidade, mais me cativava.
Não se trata apenas de uma referência – merecida - à obra que produziu e ao legado que deixou. Não se trata sequer da avaliação de um leigo, como eu, relativamente à qualidade da marca e dos produtos que criou. Steve Jobs estava à frente do seu tempo pela vontade e determinação com que sempre superou os desafios que a vida e os seus mais directos rivais lhe colocavam. Até agora!
Steve Jobs era um homem especial pela promoção de valores que escasseiam hoje em dia. A sua humildade e humanidade, convicção e genialidade, fizeram dele uma das mais influentes pessoas do nosso século. E em boa hora se diga, a obra que produziu é tão grande como a humanidade dos seus actos… e palavras.
Para Jobs, que gostava de se lembrar da morte como a melhor invenção da vida para o ajudar a tomar grandes decisões, não havia lugar para orgulho, medo ou vergonha. Não havia sequer lugar para resistir à tentação que uma vida cheia de oportunidades lhe proporcionava bem à sua frente.
A genialidade dos seus actos distingue-o de todos nós. Para muitos, o fruto proibido será sempre o mais apetecido. Para ele, aquela maçã revelar-se-ia o maior e mais poderoso pretexto para subir bem alto àquela árvore e assim ver e admirar o mundo que acabaria por construir.
Steve Jobs não ganhou a batalha contra o cancro, mas deixou-nos um dos ensinamentos mais pujantes da vida: nós somos as escolhas que fazemos.
Rui André

Touradas



A Declaração Universal dos Direitos Animais foi proclamada pela UNESCO, em Bruxelas, a 27 de Janeiro de 1978 e determina, entre outros pontos, que todos os animais devem ser preservados e não devem sofrer maus tratos.
Nesse sentido e porque o sofrimento animal é algo que me incomoda, não há nada que me faça ter uma opinião mais vincada e uma posição mais cerrada e inflexível do que aquela que diz respeito às touradas. E para não vos fazer perder demasiado tempo, sou totalmente contra.
O problema com a questão das touradas não é de agora e divide a sociedade em três grupos: os que são a favor, os que são contra e os que acham que a Casa dos Segredos representa um mal maior.
Os que são a favor defendem-se com unhas, dentes e um pano vermelho para se protegerem das investidas. Os que são contra – como eu - reconhecem que discussão tão bacoca não divide tanto como os instrumentos que dilaceram a carne dos animais.
A promoção de violência e tortura de animais como é o caso das touradas está longe de enaltecer a coragem dos toureiros e de quem beneficia e lucra com elas. A sociedade moderna – e façamos por isso - não pode concordar com actos que, sustentados na arte e na cultura que se diz pretender preservar, nos costumes e na tradição que se diz querer defender, atentem injustamente contra a vida e respeito pelos animais.
Atribuir a um acto cruel, violento e sanguinário a designação de um espectáculo repudiado pela maioria não nos torna mais humanos, sensíveis ou inteligentes. A falta de compaixão pelos animais também não.
O que é tratado com compaixão merece compaixão. O que é usado como tradição para degradar e embrutecer um espectáculo por si só aberrante, repudiante e humilhante, merece a nossa reprovação. E é por isso que eu estarei sempre a torcer pelo touro.


Rui André

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Meu velho, meu querido, meu amigo




Hoje sinto-me arrebatado pelas memórias dos anos 70 e 80. Não sei bem qual a razão para tal arrebatamento, embora suspeite que tem a ver com o facto de ter estado a ler uma notícia sobre o lançamento do novo iPhone 4S – acho que não me enganei no nome. Mas não fiquem a pensar que lá por ser relativamente imune à tentação da maçã, escrevo este post para desvalorizar o tal iPhone 4S. Não, nada disso. Além de que, parece, até fala, o que me retira logo autoridade para vos poder dizer; « só lhe falta falar ». Até nisto já estou a perder pontos. E embora o novo brinquedo esteja cheio de apetitosas novidades tecnológicas, mesmo assim, não consigo deixar de associar esta designação 4S ao meu velhinho e primeiro carro que tive (deixo-vos a foto dele lá em cima) marca FIAT 124 e que por sinal, também tinha mais uma letra à frente: era “R”. Ora ontem como hoje é tudo uma questão de letra.
Mas quanto ao meu velhinho 124 R, caberá aqui deixar algumas notas curiosas dos anos em que vivemos juntos. Um verdadeiro namoro. Não me interessa falar-vos do 4S uma vez que, um destes dias, serão vocês, ou seguramente os meus filhos, a explicar-me as proezas que o aparelho é capaz de fazer. Proezas que, de outra natureza, também o 124 R me mostrou sendo que, em todo o caso, era necessário ter mãos e amigos que as dominassem. Como vêem tudo é relativo. O meu companheiro de viagem andava devagar, galopava quando era preciso, dava-me sons musicais inolvidáveis – saídos de um leitor de cartuchos – mais tarde de um leitor de cassetes – fazia peões, que era tarefa que talvez os mais novos hoje não compreendam e nem me convém estar aqui a explicar mais do que isto, enfim era um verdadeiro companheiro. Doce, doce e velha lira. Sempre amei os bravos.
Ah, é verdade. Quase me esquecia do modo como iluminava a estrada quando a noite caía. Inteligentemente radiante, lá se acendiam aquelas luzes que mais se assemelhavam a um farol que conduzia o navegante até porto certo. Depois, em dias especiais, não vos digo quais, lá o enchíamos de amigos e amigas e tudo era sol, com diferentes cores, diferentes morais, as nossas acções acabavam sempre por brilhar alternadamente, acontecia que frequentemente também nós cometíamos acções multicolores, mas também não é menos verdade que lá bem no fundo de nós mesmos, sempre se erguia uma moral. Podia era demorar muito tempo a atingi-la. Era o saudável resultado de uma certa bonomia, era a música das nossas então jovens consciências, a dança do nosso espírito. Não me alongo muito mais com a história do meu 124 R. De outro modo estaria aqui tempos infindos a contar-vos das virtudes deste companheiro. Havia uma exuberância na bondade daquele carro e na dos amigos e amigas que o habitavam que até parecia ser maldade. Mas não era. Os afectos eram reais, podiam diferir era quanto à velocidade.
Um dia destes quero então que me falem do novo iPhone 4S. Depois discutiremos o sentido histórico e os valores atraentes de todas estas coisas.



Mário Rui

Atenção, Obama!



Para o pessoal que não tem noção ou que ainda não sabe o que está acontecendo no coração financeiro dos E.U.A., uma explicação rápida: desde o dia 17 de setembro de 2011 manifestantes estão acampados em Wall Street e imediações protestando contra o capitalismo, o desemprego e a crise financeira que desde 2008 tira o sono dos países desenvolvidos e prejudica a população.

O grande problema que gerou todos estes protestos, segundo os manifestantes, é que enquanto o governo rebola para se livrar da crise e muita das vezes não consegue conter seus males, um pequeno grupo de pessoas – banqueiros, donos de grandes corporações etc – continua enriquecendo e passando por cima de tudo e de todos só para manter seu “capital” intocado… e cada vez mais inchado, graças à ganância corporativa.

Mário Rui