terça-feira, 10 de maio de 2016

Dogmas e preconceitos


O povo vai rezar a Fátima e há por aí quem trema de pavor porque o povo não devia ir rezar a Fátima. O povo vai rezar a Fátima e eles acham que o povo não se devia condensar por toda a banda de Fátima numa grande pacificação de oração. E fulgem das mãos dos crentes cardumes prateados de estrelas e eles acham que o povo não devia acender chama em Fátima. Eles acham que é luz mortiça que nem é bem a da madrugada, nem bem a da noite. O povo fica num dócil estar de fé e eles acham que isso é uma imobilidade misteriosa e sinistra. Depois o povo ajoelha em prece à medida que trilha a ladeira do culto e eles acham que isso é um perder de passos e paciências. O povo acena com lenços brancos de um lado e de outro e eles acham que o povo se fecha assim bruscamente em horizontes limitados. Eles acham tudo e mais alguma coisa. E tentando impor opinião e fronteira severa de construção que apenas deixe aos crentes grade de arame por onde possam espreitar o seu crer, qual rebanho cercado por urtigas bravas, eles acham por dever dizer ao povo que o povo é uma ingenuidade infantil. A esse tempo o povo tem um momento de enfado, não lhe agrada a conversa, acaba com ela e com eles, e diz o povo; “nunca demos nada pela vossa fé”. E fitando fixamente os olhos negros daqueles a quem a insensata desatenção nunca deixa aos outros a esperança de acreditar, o povo, vencido pela fadiga, deixou-se adormecer justamente quando as certezas discursivas dos ‘eles progressistas’ iam no seu pior episódio, altura em que a conversa já era uma perda de tempo e portanto descansar em paz na companhia de uma fidelidade feita profecia não era uma perda de tempo. E este foi o comento breve de um orar em Fátima, para uns com dogmas, para outros com intolerantes preconceitos.


Mário Rui
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Gafadas


Gafadas da Ana no jornal i (LER AQUI)
Gafe, mas mesmo gafe, é certos jornalistas quererem promover presidências aristocráticas em lugar das democráticas. Gafe, mas mesmo gafe, é certos jornalistas esquecerem-se de escrever sobre a “deliciosa sedução irracional” que leva político suspeito de crimes a uma inauguração. Isso é que mexe com o meu decoro de cidadão! O resto, nesta arena de fraseologia jornalística, o que há é muito frenesim que só desfigura a profissão.


Mário Rui
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