quinta-feira, 20 de maio de 2021

Desabafadamente

Confio no ensino dos campos. Ah, tivera eu sido homem de lavoura e talvez chegasse a ser homem de prosa. Já muitos me disseram que o campo enrijece o carácter de quem escreve e que quem lá medita, penetra. Vou continuar a descobri-lo. Livre, unicamente uma condição me imponho; - ir só, pois o silêncio é inventivo. A vozearia do que quer que seja é a devassa organizada em instituição nacional. Se não é a covid é o futebol, se não é este é a política, quando não os entumecidos de rancores, e, como se todos juntos não bastassem, ainda temos os roncos das buzinas, os assobios e as vaias, insultos desabridos, denúncias imprevistas, calúnias vilíssimas impregnadas de perversidades, tudo numa solidariedade de ódios. Horríveis tempos!

 

Mário Rui
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Apoiar os artistas


 

Mário Rui
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Filme 'Casablanca' - Data de lançamento em Portugal: 17 de Maio de 1945.


Mário Rui
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Na faina


 

Mário Rui
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Partiu mais um homem bom (13 Maio 2021)

 

Partiu mais um homem bom. Partiu na viagem de que jamais se volta pelo que agora apenas sobra o deleite brando e demorado de o relembrar. Chamava-se Carlos Rocha, figura afável, de trato agradável entre os justos. Deixo-lhe um aceno de saudade e um dizer que não lhe escrevo com palavras mas antes com a alma das palavras. Descanse em paz, amigo meu que tantas vezes me recordou os meus dias leves de menino.




Mário Rui
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Santo António


 

Mário Rui
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Os livros que incomodavam Hitler

No dia 10 de Maio de 1933, foram queimadas em praça pública, em várias cidades da Alemanha, as obras de escritores alemães inconvenientes ao regime. Hitler e seus comparsas pretendiam uma "limpeza" da literatura. De facto, sempre houve criaturas que viveram a fugir de se encontrarem. Sempre acharam que ler fazia mal à ignorância. E há lá outra doutrina que resista a este pensar que ainda hoje faz escola?


Mário Rui
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Capa da edição de Maio do jornal "O Concelho de Estarreja


 

Mário Rui
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Dia da vitória na Europa -8 Maio 1945

76° aniversário da capitulação alemã que pôs fim à II Guerra Mundial na Europa.


Mário Rui
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Estarreja d'outrora

Recriação colorida da pedra de armas da Casa da Fontinha,Estarreja

Lápis de cor e tinta da china, sobre papel "Canson".

Autoria de António Pedro de Sottomayor

Casa da Fontinha


Praça Vasco da Gama e Edifício dos Paços do Concelho



Mário Rui
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Não é verdade, como se espalha fama, que “longe da vista,longe do coração”

Não é verdade, como se espalha fama, que “longe da vista,longe do coração”

Com eles estudei, estudei as coisas que se não aprendem na Escola e as outras cheias de novas inspirações cismando para a vida novos rumos. Mas tolerem-me o arrojo de afrontar por uma só vez a utilidade da Escola, quando ela tantas vezes apenas nos dá a ver o que os olhos não vislumbram, os ouvidos não escutam e o tacto não sente. Vivi anos com eles, eles que tinham um só nome, que era Amigo. E o coincidir dessa existência nascente, a amizade, tão magnificamente celebrada, era mais do que eu talvez mereceria. E se hoje aqui os trago é porque se me é dado o prazer de dizer ‘conversemos, amigos, de presença a presença’. Para o coração, pois, não há passado, nem futuro, nem ausência. Pretérito, porvir ou não estar presente, tudo lhe é actualidade, tudo existência. Assim, não me ides ouvir de longe, como a quem se sente arredado por centenas de céus que me separam de alguns destes Amigos, que o verdor dos anos não nos uniu; uniu sim e de que maneira. Por mais agrestes que tenham sido os contratempos da sorte de uns e as maldades de outros, raro nos causaram mal tamanho que não nos tenha feito ainda maior bem. De sorte que, em querendo falar um pouquinho convosco, já curtos se iam fazendo os dias, torno deste modo àquelas amadas lucubrações, as de que me lembro com saudade entranhável e por isso só cá vim lembrar relações amistosas. É que nestas saudades, vulgar é tê-las, raro é reflectir sobre elas.


Mário Rui
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É um nunca acabar... e dos piores


Enquanto o Dante da ficção começa a sua saga no Inferno e vai até ao Paraíso, outros há que, vindos de um Paraiso menos farto acabam por ficar debaixo de espessa camada de cinzas. E ainda que daí a instantes corra qualquer aragem, por débil que seja, ela não serve senão para levantar de novo a língua de fogo. Soprem então as brisas com um pouquinho mais de força, e de mil pontos, a um só tempo, rebentam sôfregas labaredas que se enroscam umas nas outras, de súbito se multiplicam, deslizam, lambem vastos corpos de vítimas. A incineração é completa, o calor intenso, e nos ares revoltos volitam palhinhas incandescentes. E esta é a Índia de hoje, a Índia que não aparece nos números oficiais. É por isso que o mundo é opulento de palavras e a esperança quando outros nela acreditam faz ganhar muito tempo e dinheiro aos já de si muito ricos. É verdade, confirma Dante!




Mário Rui
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Dia da Mãe

 



Mário Rui
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Já cá faltava mais um, o Facebook!


Já cá faltava mais um, o Facebook, e então ei-lo a juntar-se aos Big Brothers já existentes que observam as massas através das "tecnologias", ou como se diz, através do "buraco da fechadura". Desta vez calhou-me a mim e, manhosamente puritano, o FB apagou-me uma foto do holocausto nazi porque a imagem ‘tem cenas que podem ferir a sensibilidade de algumas pessoas’. Como se mostrar o extermínio de milhões de inocentes às mãos de facínoras não fosse um acto útil e não tivesse sido um dever. Neste caso, ferir a sensibilidade de alguém é não querer, como faz o FB, dar a conhecer os que foram assassinados porque sim, os anos chorados de tanta viuvez, o pranto que já não era só de dor pelos soluços do coração, mas da certeza de uma infelicidade eterna. E se ferir susceptibilidades é não querer mostrar os horrores das vítimas oferecidas ao sacrifício mortal, então pouco ou nada aprendemos com a história dos carrascos que melhor a personificaram. Talvez até venha daí a persistência dos que ainda hoje, sem pau nem pedra, continuam matando a esmo e com testemunhas de vista. E depois vem o FB, electronicamente, pois claro, esconder o trágico dos mortos e dos sobreviventes porque afinal não quer, e nem sequer sabe, como enxugar-lhes os olhos com beijos e lavar-lhes as faces com sentidas lágrimas. Vai à merda Facebook mais o teu altruísmo verdadeiramente excepcional.  


Mário Rui
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