terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Quero conservar o Calhambeque



Bandeiras a meio pau porque o carbono é uma chatice. Mais chato ainda parece ser o  seu primo, o dióxido, que feito canhão de fortaleza lá vai dando salvas de alegria posto que afinal não mais vai ter a urbe por companhia. Parte da urbe também se queixa, deplorando esta perda já que, do fumo afastada, se vê então na cauda da coisa com rodas fazendo força que leve a destino. É arte nova, dizem uns, suplício comentam outros, bílis odienta de quem patrocina estas desnutrições, rematam os demais. Vá-se lá perceber este mundo de tão diferentes lides cerebrais, sindicato de emboscadas onde o ajuizado talvez fosse o coche de assento almofadado e com janela onde vagarosamente se poderia por a cabeça de fora lançando sorriso à cidade que o vê passar. A família carbono justifica tudo e até um par de botas, o aquecimento global parece já não ser o que era, afinal a última ciência diz ser só da fumaça do charuto, e eu, caramba, entre tanta pirueta, embarco em duas porções, a de dentro e a de fora sem saber de que lado vem o fumo e para que sítio o querem levar. O que é certo, mas mesmo certinho, é que a avioneta ainda cospe óleo seboso, o avião ainda chispa mau génio, a fábrica ainda expele indelicadezas e até quando se abre o curro o toiro espirra. Isto, para já não falar do comboio que lança confissões terríveis aos carris. Bom, acho que me resta almoçar uma esperança de compreensão que me encha o tino e me explique as peripécias históricas do avanço científico. Quero conservar o Calhambeque Bi Bidhu! Bidhubidhu Bidubi!..
"Bem! Vocês me desculpem
Mas agora eu vou-me embora
Existem mil garotas
Querendo passear comigo
Mas é por causa
Desse Calhambeque
Sabe!
Bye! Eh! Bye! Bye!
Arrãããããããããmmmm!” (Roberto Carlos)
 
 
 
Mário Rui
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