domingo, 8 de julho de 2012

Londres 2012






































Os Jogos Olímpicos surgiram há cerca de 2700 anos A.C. na Grécia antiga, como uma espécie de armistício entre lutas territoriais. De 4 em 4 anos, todas as guerras entre as cidades estado gregas cessavam, as armas eram depostas e trocavam-se os campos de batalha pelos estádios olímpicos. Representava uma época sem política, sem batalhas, apenas de culto aos deuses nas provas desportivas. Após a ascensão do Império Romano e o crescimento das suas ideologias, relacionadas com o fanatismo religioso extremista dos seus imperadores, onde se destacou Teodósio X, os templos, até então sagrados, onde se celebravam os jogos foram queimados e os mesmos caíram quase no esquecimento. Foi já em pleno século XIX, que Charles Pierre Fredy, o barão de Coubertin, conseguiu que renascessem das cinzas as “novas” olimpíadas, não sendo mais interrompidas. Com o início da chamada Era Moderna dos Jogos Olímpicos, recuperou-se o espírito e a tradição olímpica grega, numa clara tentativa de minimizar as diferenças sociais e culturais entre nações, aproximando-as através da concórdia, do espírito de conquista e da competição desportiva. Por muitos considerado o evento desportivo de maior importância e visibilidade em todo o mundo, os Jogos Olímpicos, carregam em si o simbólico espírito olímpico, manifesto na simples tocha olímpica, que na sua volta pelo mundo simboliza a união dos povos, o fim provisório das guerras e a união em torno de um espírito de irmandade humana e desportiva que se acredita trazer à superfície o que de melhor tem a natureza humana. Como fenómeno mundial!

É pena que todos estes ideais nem sempre se cumpram. De todo o modo, o que se espera é que Londres possa de alguma forma, nem que seja apenas em pensamento, transformar-se no centro mundial da sã convivência. Ainda que as guerras não se interrompam e as vicissitudes deste nosso tempo não se regenerem, fica o espírito. Pode ser que sirva de temporária reflexão. Já não será mau.



Mário Rui

As Aproximações

















Tantas e tais coisas se tem cometido naquilo a que se convencionou chamar o campo da política, e que não é, grande parte das vezes, mais do que uma livre carreira deixada a todos os impulsos da ambição ou do desejo de domínio, que hoje, aos olhares da maior parte das pessoas, a política aparece como alguma coisa inteiramente afastada dos caminhos da santidade.”


Agostinho da Silva, As Aproximações, 1960


A Política tem que tornar a ser o campo dos “monges-soldado” de outras eras. O prémio pecuniário, a recompensa financeira devem ser mínimas e todas as formas de “recompensa” após o termo da carreira política, em grandes empresas ou corporações, devem ser banidas.

O político deve sê-lo por convicção, não porque tal carreira signifique um bom salário ou segurança no Trabalho. Não são os mais ambiciosos que devem ser atraídos pela Política, mas os mais abnegados e preocupados com o Bem e o Interesse Publico. Eles existem, de valor e em numero suficiente, mas hoje não conseguem ascender nos Partidos porque os seus aparelhos estão bloqueados por camadas sucessivas de Boys e Boyas que impedem qualquer ascensão por mérito e reservam todas as prebendas e tributos aos seus. A renovação não deve assim verificar-se somente no sistema político e administrativo… deve ser também interior aos partidos, que se devem desaparelhar e transformar em grupos de voluntários, desinteressados e motivados apenas pelo Bem Comum.

Mário Rui