quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

A entrevista de Mário Crespo à ministra Assunção Cristas



A entrevista de Mário Crespo à ministra Assunção Cristas (VER AQUI)

O clamor que por aí vai com a entrevista, e respectiva prestação de Mário Crespo, à ministra Assunção Cristas é de tal modo confrangedor que não percebo da razão para tanta indisposição por parte dos que se sentiram mal com a mesma. Nem a própria se terá achado incomodada, e bem, com o desenrolar da conversa pelo que sou levado a crer que alguns até já conseguem fazer suas as dores que outros não sentem. O que vi e ouvi foi uma compilação de factos organizados e estruturados pelo jornalista sem que a ministra, e bem, repito, se tenha sentido injustamente lesada. Factos que de resto o jornalista soube reunir de modo descomprometido e objectivamente tratados. Não assisti sequer a possibilidades conflituais o que diz bem da isenção de quem conduziu a entrevista. Uma outra coisa, a que sempre o entrevistador deve guardar respeito, é saber se as pretensões de verdade quanto ao que afirma são ou não facilmente verificáveis. No caso desta entrevista, lá esteve Assunção Cristas para o fazer. E fê-lo a seu jeito, embora eu não concorde com as explicações dadas. Mas isso é outra história. Voltando ao que importa, eu compreendo que a apresentação de factos auxiliares por parte de Mário Crespo, que são normalmente aceites como verdadeiros, possam ter aborrecido muita gente mas a verdade é que as notícias dadas pelo mesmo não são novidades inventadas e daí que não se tenha tratado pois de peça literária, mas antes de pragmatismo informativo. E do bom! Quanto ao saber-se se ao entrevistador cabe, ou não, o papel de defensor dos seus próprios pontos de vista, também é assunto aberto a discussão. Deve ter a humildade para reconhecer que não é o detentor de uma verdade universal, não está no lugar para cortar ou substituir as marcas da oralidade do entrevistado, mas igualmente se deve declarar que, quanto mais intenso, comum à sociedade em geral e maior abrangência tiver o assunto, mais o jornalista deve ser o fiel mensageiro dos pontos de vista da ‘maioria silenciosa’. Foi isso que Mário Crespo fez. De modo acertado e cordato. O tempo em que o entrevistado entregava as perguntas ao entrevistador, já lá vai. Hoje, a entrevista, sobretudo a de teor igual ou semelhante à que sentou estes dois personagens da nossa sociedade, deve chegar embrulhada nos elementos que envolvem o ambiente onde a informação é recolhida. A saber; na rua, no povo sacrificado, na injustiça social, nas mentiras perpetradas pelas elites reinantes. Gostava que os descontentes com a tal prestação de Mário Crespo me explicassem melhor modo de conduzir a entrevista. Com um roteiro a cores? Insistindo na ideia de que dois mais dois, são cinco? De pupilas bem fechadas? Que diabo, num país onde muito poucos oferecem resistência aos turbilhões sociais a que assistimos, será que continuaremos a deitar fora os que dão nota da estranhíssima razão para tão agonizante modo de vida em sociedade?



Mário Rui