sábado, 10 de agosto de 2013

Independência precisa-se | iOnline - Notícias de Portugal, Mundo, Economia, Desporto, Boa Vida, Opinião e muito mais.

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Ainda alimentei a secreta esperança de aprender alguma coisinha  quando comecei a ler este novo escrevedor do jornal i.  Li tudo e pouco me ficou. O que retive foi escrita confusa, tendenciosamente atirada em forma de pó e, não fosse isso suficiente, um verdadeiro chorrilho de lugares-comuns sem qualquer sentido ou mesmo ponta de composição final, como que a deixar um trabalho inacabado, a ser concluído pelos leitores. É assim uma espécie de texto que se limita a traçar um painel de esboços imperfeitos e fragmentários, em lugar de tentar produzir uma imagem completa. Mas tudo isto, aos olhos de alguns, talvez até nem se traduzisse em pensamento pobre e composição ainda mais pobre se não se desse o caso de, ainda por cima, maltratar os chamados “independentes” da política. Para o escriba em questão, ser-se independente no actual panorama sócio-político português, e após ter discorrido (im)pensadamente sobre o assunto, é algo que tem trazido ao povão uma ideia errada quanto ao papel dos politicamente engajados. É algo que, segundo o mesmo, trata os independentes como bons samaritanos e os politicamente partidários como causa e efeito dos males que acossam o país. Diz ele:  « ... e assim se consolidou uma visão maniqueísta: uns eram bons, imunes a interesses esquisitos e existiam em função de algo chamado “mérito”; e os outros encarnavam os males da vida em sociedade. Essa confrontação entre uma legitimidade informal valorada positivamente e protegida no espaço público e uma legitimidade formal sem verdadeiro poder e descredibilizada, tem vindo a agravar-se. O espaço mediático e o seu controlo económico protegeu essa nova carreira política alternativa, com a vantagem de ser muito pouco sindicável: a carreira dos independentes. São considerados independentes aqueles que fizeram o seu percurso académico e profissional sem qualquer ligação partidária. Ignora-se deliberadamente se o fizeram com ligações próximas a pessoas dos partidos (de amizade, familiares ou de mera convivência académica ou qualquer outra afinidade menos transparente do que a política e os partidos)».  Digo eu: estes são os modos habituais de comportamento aprendidos e apreendidos no seio dos partidos que têm regido a orquestra disfuncional da política portuguesa. Nem mais nem menos. Este escrevedor, que presumo político a “sério” (para ele os independentes são todos uns desmiolados), é cópia fiel dos demais: enquanto conseguiram obter um enquadramento sólido, a coberto de qualquer concorrência, fiável, e de modo a resguardar as suas expectativas e projectos para o futuro, estava tudo bem. Quando os independentes começaram  a fazer a sua aparição, ò da Guarda, aqui d’el rei, acudam que os autónomos estão a chegar! Lá se vão os nossos feudos. O jornal i merecia melhor. Os seus leitores também. Mas isso é lá com o periódico. Depois não se queixem das tiragens diárias. Quanto a este senhor, que tentou escrever crónica digna desse nome mas não o conseguiu, é bom que tenha a noção de que a agressão inútil que fez a alguns respeitáveis cidadãos,  não pode deixar intactas as causas da sua aflição. Vêm aí mais independentes e, pelos vistos, pressagiam um “perigo” que não pode ser evitado pelos arregimentados. Faça o animal ameaçado o que fizer, eles vão aparecer. E felizmente vão dar luta. Aos interesses instalados! Antes de acabar, deixem-me  só relembrar a jactância do escrevedor pois gosto de sorrisos largos: «... essa confrontação entre uma legitimidade informal valorada positivamente e protegida no espaço público e uma legitimidade formal sem verdadeiro poder e descredibilizada, tem vindo a agravar-se» Diz mais : «... nova carreira política alternativa» Coitadinho do pelicano!

Mário Rui