quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Das duas às quatro rodas

Chegou de Vespa à tomada de posse do Governo de Passos Coelho, desloca-se agora num Audi topo de gama que custou 86 mil euros

O ministro Pedro Mota Soares, que chegou de Vespa à tomada de posse do Governo de Passos Coelho, desloca-se agora num Audi topo de gama que custou 86 mil euros.
O "Correio da Manhã" escreve que Pedro Mota Soares, ministro da Solidariedade e Segurança Social, faz-se transportar num carro de luxo cujo preço de venda ao público ronda os 86 mil euros. Numa altura de cortes nos subsídios de Natal e de férias de funcionários públicos e pensionistas e em que se pede contenção aos portugueses, o ministro que, em Junho, se apresentou na tomada de posse do Governo ao volante de uma Vespa desloca-se agora num carro novo, com matrícula de Julho de 2011.
A viatura, um Audi A7, de três mil cm3 de cilindrada, com o preço de 53 mil euros (a inclusão de equipamento opcional rondou os 46000 euros), foi entregue ao abrigo de um contrato com a SIVA e levantada pelo próprio ministro Pedro Mota Soares, num stand da zona Sul do Parque das Nações, em Lisboa

Bom, a ser verdade, não é nada ético e muito menos responsável por parte do dito governante. Assim, começo a ficar francamente desiludido relativamente ao discurso versus prática deste governo.

E refiro governo porque só alguém com competência hierárquica de peso poderá, digo eu, validar um acto destes. E que me pareça só um estará em condições de o fazer. O chefe do governo. Ou será que lá voltamos ao antigamente , que o mesmo é dizer que esta tirania, esta arbitrariedade, esta rigorosa e grandiosa estupidez, tem a cobertura de quem anda a pedir sacrifícios e mais sacrifícios ao já muito sacrificado cidadão português?

Então meus amigos, repito, se assim for, considere-se sob esse aspecto que tal moral não nos vem educar no sentido da necessidade de horizontes limitados, de vontades mais modestas, como necessárias à vida e ao crescimento do país. Assim posta a coisa., acho bem que não nos iludamos quanto ao tal discurso porque de facto não vai de encontro à digestão mais leve que nos pedem, e à expressão e linguagem de um instinto geral que, segundo os políticos que temos, deve ser escutado e de acordo com a barreira que se nos é imposta em nome da saída da crise.

Estarei porventura enganado, e espero bem que sim, mas o meu amado povo é de uma índole ainda fraca e indefenida e o que mais me dói é que continue a deixar-se esbater, ser apagado por uma raça mais forte, mais rija, que sabe e de que maneira, impor-se, mesmo nas piores condições, até melhor do que em condições favoráveis. Confesso que cada vez mais se afasta de mim algum do ânimo que ainda me resta para enfileirar na coluna que quer ajudar a minha terra a ver-se livre da crise. A ser certo que o ministro, ainda por cima da Solidariedade e Segurança Social, que coincidência bizarra, passou da mota para o carro de luxo, então digamos que o pensador em cuja consciência pesará a responsabilidade pelo futuro da aludida solidariedade, poderá sempre e em todos os projectos que fizer sobre esse futuro jogar mais em seu favor e menos em favor dos que precisam.

Reconheço que sou desconfiado mas também me revejo através das muitas morais, umas mais subtis, outras mais grosseiras, que até agora reinaram ou ainda reinam na Corte Portuguesa. Há nos homens determinadas características que regularmente se repetem. Especialmente as más.

Nós não queremos mais repetições desta natureza. Ansiamos por repetições exemplares que assim nos consagrem como verdadeiros fazedores do que deve ser o exemplo de um país em franco progresso. Nem que seja só de ideias. O resto virá depois.

Mário Rui

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Mário Rui

Ar arlequim



Mário Rui

Massacre na Noruega. Anders Breivik é inimputável, afirmam os psiquiatras | iOnline


Massacre na Noruega. Anders Breivik é inimputável, afirmam os psiquiatras iOnline
«« O estado de pecado no homem não é um facto, senão apenas a interpretação de um facto, a saber: de um mal-estar fisiológico, considerado sob o ponto de vista moral e religioso. O sentir-se alguém «culpado» e «pecador», não prova que na realidade o esteja, como sentir-se alguém bem não prova que na realidade esteja bem. Recordem-se os famosos processos de bruxaria; naquela época os juízes mais humanos acreditavam que havia culpabilidade; as bruxas também acreditavam; contudo, a culpabilidade não existia.»» No caso particular do 'monstro' Anders Breivik, parecia-me oportuno que voltássemos então aos juízes mais humanos e trocávamos, com o devido respeito, os psiquiatras por novas bruxas. Podia até nem haver culpabilidade efectiva mas, no mínimo, todos acreditávamos convictamente que ela existia. Quem sabe se o mundo não seria um lugar mais seguro... ...
Mário Rui