sexta-feira, 29 de abril de 2011

Roger Hodgson - Lovers In The Wind

Neil Young - Heart of Gold

Coração de ouro

Só na velhice a mesa fica repleta de ausências.
Chego ao fim, uma corda que aprende seu limite
após arrebentar-se em música.
Creio na cerração das manhãs.
Conforto-me em ser apenas homem.
Envelheci,
tenho muita infância pela frente.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Mãe há só uma


A todas as mães do mundo, especialmente à minha:

A semana da Queima das Fitas está a chegar e o Dia da Mãe também, o que acaba por ser um inconveniente para os filhos que se queiram levantar cedo no Domingo para irem almoçar com as respectivas mães. Por isso, parece-me que a minha mãe ficará extremamente feliz comigo se eu lhe disser que não vou à Queima, coisa que, infelizmente, não acontecerá. Desculpa, mãe!

Apesar disso, as mães, e em especial a minha, merecem da parte dos filhos mais do que algum dia eles lhes poderão dar. E eu juro que não é que não queiramos – e às vezes queremos mesmo muito – mas temos sempre alguma coisa para fazer que nos impede de cumprir uma ordem sua. E isso não devia acontecer porque elas também nunca negam nada aos filhos só porque têm de ir ao café ou porque estão cansadas ou porque têm gente à espera delas. Mas esta geração de agora…

Dizem que ser mãe é a melhor coisa do mundo e essa deve ser das poucas coisas difíceis de se ser e fazer, mas que se fazem com gosto. Como diria o outro: “escolhe um trabalho de que gostes e não terás de trabalhar um único dia da tua vida”. Ser mãe é precisamente isso, é acertar na profissão, com a excepção de que se é mal remunerada e não se pede curso superior como requisito mínimo.

Não é por acaso que se diz que mãe como a nossa só há uma e que é ela a melhor de todas, como se houvesse uma competição feroz para eleger a melhor do mundo. E não há! A melhor mãe do mundo é sempre a nossa porque foi ela que se enjoou tantas vezes durante a gravidez por nossa causa, foi ela que nos protegeu da trovoada naqueles dias chuvosos, foi ela que nos adormeceu e aconchegou sem se preocupar com as horas tardias, foi ela que abdicou de tudo para nos ter a nós, foi ela que nos ensinou tudo aquilo que somos hoje.

E ser mãe não acaba no passado. É também ela que continua hoje a enjoar-se com as angústias dos filhos como se fossem as dela, é ela que continua a proteger-nos das investidas da vida, é ela que não adormece nem se aconchega sem termos primeiro chegado a casa, é ela que nos lança a corda quando nos sentimos desamparados, é ela que acredita em nós mais do que nós próprios.

Ser mãe não deve ser tarefa fácil, mas deve ser muito mais penoso se nunca lhe tivermos dito alto e bom som: “Amo-te, mãe!”. Ouviste agora?!


Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A arte do clique



Mas quem foi o asno que andou à procura no Google das (vocês segurem-se, se fizerem o favor) "Fotografias da morte do imperador César Augusto"?

Daa....aaaa! César Augusto odiava ser fotografado. É essa a razão de haver tão poucas fotografias dele. A única dísponivel, descobri-a eu no baú de relíquias do Tibérius Julius Caesar. Fiquei com este baú, legado de família, por achar que um dia viria a dar jeito para reescrever a história. E deu...

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Será este o futuro?



Palavras ou silêncios. Para que vos quero?

Está sol e ao mesmo tempo o meu país está pintado de negro. Negro! Já não quero saber de quantos anos de opulência, incompetência, agiotagem, seja lá do que for, mas negro. Ainda assim os nossos políticos ora sorriem e falam demais, ora permanecem mudos e de rosto quase sempre sisudo. Não me agradam nem uns nem outros! Os primeiros porque passam a ideia de que nada de anormal está a acontecer. E se nada de anormal acontece, então agitem-se as bandeiras, batam-se as palmas, cantem-se loas ao supremo líder. Esbocem-se sorrisos de orelha a orelha e, já agora, solidariamente e a uma só voz, grite-se “Zé, o Partido está contigo…”. Com tal veemência até pode transparecer a ideia de que este é o caminho certo. Mas não é! Desiludam-se os que são coagidos a pensar que sim. É tudo pura encenação, mais parece uma convenção à americana, um cenário hollywoodesco. Afianço-vos que assim não vamos lá. Pela minha parte teria preferido discursos sensatos, calma e menos cor na sala, reflexão quanto baste e acima de tudo consciência de que temos um País adiado. Mas é mais fácil acreditar do que pensar. Daí existirem muito mais crentes que pensadores.
Quanto aos que permanecem mudos, o que poderemos nós dizer? É assim que se motiva um povo, uma gente que procura o norte? Com certeza que não! Ficar quedo e calado face ao descalabro em que caiu este Desportugal não ajuda à auto-estima nacional. Presidente que se preze não engole as palavras, não cala as verdades, até porque as verdades que engolimos sempre nos envenenam. Mais tarde ou mais cedo.
Mas é isto que temos. Resta saber se é isto que merecemos. Sou dos que acreditam que, bem vistas as coisas, este é o nosso fado. Tão-só porque pouco ou quase nada fizemos para mudar a letra da canção. Sempre apoiámos péssimos cantores, razão pela qual nunca ganhámos um primeiro lugar. Ou me engano muito ou, por este andar, jamais o conseguiremos.
Pode vir hoje o FMI, amanhã o F.B.I. – eu trocava, que jeito que dava – mas enquanto nós mesmos continuarmos estáticos e nada fizermos, tudo ficará igual. Ouvimos o que não queremos e de quem quer que seja. Dos que estão cá dentro, dos que enviam recados do exterior, de comissários políticos que não eleitos nem pelos vizinhos de bairro, da soviética Angela Merkel, que cresceu na RDA e entrou para a política por ocasião da queda do muro. Fala grosso, agora, qual Cleópatra rainha do Egipto. Bastaram-lhe vinte anitos de política e não sei quantos de democrática vivência na Alemanha de leste para ditar leis ao velho continente. Na prosperidade a mulher esquece aquilo que foi.
Quem sabe se tudo isto se teria evitado se há muito tempo tivéssemos dado ouvidos a Fernando Pessoa:
«…há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.»
A tal travessia ainda pode ser feita e de muitas maneiras. Protestando, chamando à liça a indignação, não desconstruindo o que edificámos por quase 900 anos de história. Mas também a escrita faz da palavra uma nova autoridade, trazendo consigo uma mensagem e um poder enormes. Escreva-se!
Ostentar o verbo sobre a nudez forte da verdade, estender o manto diáfano da fantasia política sobre a minha gente, isso é que não vai ajudar à travessia. Ao invés, ficar calado também não é respeitar a liberdade e a decência de quem luta por um país melhor, o zé povinho.
Ao que fala demais e ao que nada diz, conviria lembrar que este zé povinho não é uma claque mas antes uma Nação.


Mário Rui

sábado, 16 de abril de 2011

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Qualidade acima de tudo

Olá leitores de bom gosto, mas só porque lêem as minhas crónicas. Vamos a mais um texto parvo e depois podem ir à vossa vida! A questão da avaliação dos professores em Portugal parece ter chegado além fronteiras e, ao que parece, não é apenas cá que os professores não gostam de ser avaliados. Cinquenta estudantes de uma escola australiana foram suspensos por fazerem um ranking das professoras mais atraentes, utilizando um site de relacionamentos. Gandas malucos! E como as coisas mudam! No meu tempo era um ranking de boca – e fala baixo que a professora pode ouvir – e os resultados nunca eram certos. Agora usam a Internet para trabalhar os dados estatísticos e eu acho muito bem! E bem vistas as coisas, qual é o problema de existir um ranking das professores mais sexys? Hã? Cá demitem as professoras que se despem para as revistas, lá suspendem os alunos que as apreciam. Alguma coisa não bate certo! Quer dizer, os alunos são constantemente sujeitos a avaliação – e às vezes de surpresa - e quando o feitiço se vira contra o feiticeiro, o caso muda de figura, não é?! Já para não falar de que os alunos são muitas vezes acusados de falta de espírito crítico. Então e agora? Avaliar uma professora apenas pelos seus dotes técnicos é como ir à Índia e não ver o Taj Mahal. É bom na mesma, mas não é a mesma coisa. E não há aluno nenhum, cá ou lá, que não tenha uma fantasia qualquer com a melhor professora da escola. E elas até se deviam sentir bem com isso. As professoras sexys têm uma mística qualquer e se fosse pedido a alguém para explicar porquê, ninguém passava no exame. As professoras devem estar, muito provavelmente, no top 3 das profissões mais sexys do mundo, a par com as secretárias e as assistentes de bordo. Toda a gente sonha sair com uma. É assim e pronto! Eu cá acho que acções destas são de repudiar. Em princípio, aquilo que se quer são professoras boas no ensino e quando as há ou são despedidas ou são suspensos os alunos que as apreciam. É preciso acabar com este preconceito e rejeitar as decisões das administrações das escolas de privar os alunos de uma boa professora, não acham? Qualidade acima de tudo!

Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira


Mulheres

Dizem que a mulher é o sexo forte e eu estou totalmente de acordo com isso. Aliás, qualquer homem com juízo partilha dessa opinião e não vale a pena ficarem de trombas. As mulheres vieram ao mundo para nos mostrarem que vale a pena ser feliz e que o preço a pagar por essa felicidade depende exclusivamente de nós, se fizermos as coisas como deve ser. Não compreender as mulheres não é sinónimo de falta de jeito ou burrice dos homens. Muito provavelmente as mulheres não foram feitas para serem compreendidas e eu acho que é isso que as torna misteriosas. Por isso, não vale a pena tentar perceber porque é que elas vão juntas ao WC, porque é que demoram mais de três horas para se arranjarem e porque é que procurar alguma coisa na mala delas é uma missão quase impossível. No fundo, não compreender as mulheres é uma coisa boa porque é esse mistério que adoça as coisas e que as torna a elas tão especiais. E sem sequer se esforçarem minimamente para isso. As mulheres são assim mesmo e não há nada como uma que saiba mexer connosco, que nos faça querer pegar no carro de madrugada e ir bater-lhe à porta, que nos deixe acordados só porque nos apetece pensar nela, que nos faça bater o coração mais depressa quando a vemos entrar num qualquer lugar. Loiras, morenas, gordas ou magras, as mulheres atingem-nos de tal maneira que nem sabemos de que terra somos. E não é preciso muito: aquele olhar maroto na festa de sábado à noite que nos deixou doidos, aquele sorriso no metro quando a deixámos entrar primeiro, aquele ‘obrigada’ por a termos ajudado a tirar as malas do comboio, aquele perfume que se entranha cá dentro, aquele andar especial. Digam o que disserem, há qualquer coisa de especial nas mulheres e ninguém sabe explicar muito bem o que é. E a verdade é que elas não precisam de se preocupar muito com a maquilhagem, com a roupa que vão vestir para logo à noite, com a dieta que já deviam ter começado na semana passada ou com a cor da mala que fica melhor para aquela ocasião, porque aquela magia, aquele toque estão lá e não vão embora nunca. As mulheres são maravilhosas e é por isso que eu adoro ser homem. André Saramago, muito gosto. O prazer é com elas! Assim me despeço, até à próxima.


Rui André

A Queima devia ser quando o Homem quisesse



Sócios, estou aqui concentradíssimo! Por amor de Deus… Agora não! Bem, já devem ter reparado que não falta muito para o início das Queimas das Fitas por esse país fora e apesar da crise económica eu acredito que as respectivas organizações consigam trazer as melhores bandas da actualidade em charters de 400 ou 500 pessoas. Fantástico, fantástico! Há qualquer coisa acerca da Queima das Fitas que me deixa extremamente triste, que é o facto de que a próxima é só desse exacto momento a um ano. Mandasse eu nisto e por mim havia Queima das Fitas de 3 em 3 meses. A Queima é um bocado como o Natal. Pelo menos para mim. Quando acaba, sinto-me angustiado até aos ossos, mesmo que me digam que o Natal é quando o Homem quer. E eu sei muito bem que não o é. Tirando isso, tudo o que diz respeito à Queima das Fitas me deixa feliz. A Queima das Fitas lembra-me a peregrinação a Fátima: sabemos que falta muito para lá chegar, que muito provavelmente precisaremos da assistência do INEM (em ambos os casos), que dormiremos pouco e que chegaremos ao fim exaustos, mas quem corre por gosto não cansa. E é a única altura do ano em que toda a gente se une por uma causa comum, seja ela qual for, e na qual eu não me importo de ouvir o Kalú dos Xutos gritar pelo FC Porto e ofender o Benfica. Não ir pelo menos uma noite a uma qualquer Queima das Fitas, seja ela onde for, é como não estar presente no casamento da melhor amiga, é não conseguir fechar aquele negócio empresarial de milhões, é deixar mal o amigo na paragem do autocarro, é falhar aquele penalty decisivo aos 90 minutos e é tão imperdoável quanto tudo isso. Digam o que disserem os meus e os vossos pais, a Queima das Fitas é boa para o país porque, pelo menos nessa semana, não nos preocupamos com a crise económica ou com as medidas de austeridade, não queremos saber de greve nenhuma dos maquinistas ou dos taxistas, não nos interessa se há jogo grande da liga espanhola e muito menos nos interessa aquela conta que temos de pagar para a semana que vem. A verdade é esta: a Queima das Fitas é tão indispensável para nós e para o país como a rede dos telemóveis que teima em ser sempre baixa quando queremos avisar o pessoal de que entrámos no recinto. E lembrem-se: sempre que passar uma reportagem na televisão sobre a Queima não se esqueçam de abandonar rapidamente o local porque se forem reconhecidos o mais certo é levarem uma tareia dos vossos pais. Até à próxima.


Rui André de Saramago e Sousa da Silva Oliveira

quarta-feira, 6 de abril de 2011

sábado, 2 de abril de 2011

Por um mundo melhor



Vou-te falar do sentido do tesouro. O tesouro é essencialmente invisível, nunca da essência dos materiais. Deves ter conhecido o visitante que, à tardinha, chega à estalagem, senta-se sem dizer nada, pousa o cajado e sorri. Juntam-se à volta dele: «Donde é que vens?» Que poder não tem aquele sorriso!

ANTOINE DE SAINT-EXUPÉRY