terça-feira, 20 de março de 2012

Comunicando governação




Espíritos dirigentes e seus instrumentos

Mário Rui

Quanto mais abstracta for a verdade que queres ensinar, mais tens que desencaminhar os sentidos para ela (Freud)


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Tive hoje oportunidade de ler a crónica azeda de mais um iluminado economista da nossa praça. É mais um daqueles que, a seu tempo, não conseguiu descobrir o que aí vinha e muito menos nos avisou do que nos esperava. Repito, se médicos e engenheiros fossem como este e muitos outros economistas que por aí 'palram', então a população portuguesa já tinha morrido. Mesmo assim arroga-se o direito de escrever como escreve sobre o actual primeiro-ministro português.

Até nem discordo totalmente do que diz e, se quer dizer, pode e assiste-lhe todo o direito para tal. No entanto, para um economista feito ao mesmo tempo jornalista, tudo o que disse e escreveu lhe fica mal. Fica-lhe mal porque em tempos idos , nunca lhe ouvi um discurso tão agreste contra quem mentiu, contra quem prometeu a felicidade e também só nos deu amarguras. Não lhe deu vontade de, nesse tempo, assim falar? Porque será? São dois pesos e duas medidas, não é?

Fala dos portugueses que são agora levados à miséria e à subserviência estrangeira, mas enquanto fez contas no tempo socrático, pelos vistos, nunca conseguiu obter resultados insatisfatórios. Nesse tempo, as contas davam sempre certo e, está bom de ver, em favor da população que agora afirma definhar com a gestão de Passos Coelho.

Olhe, por mim sou tão fã de Sócrates quanto de Passos Coelho. Agora o que nunca faria era enganar quem o lê, quando subrepticiamente critica um e parece aplaudir outro. São os dois quase iguais, homem. A haver alguma pequena diferença, essa situa-se no patamar do que um fez e o outro tem que fazer. Sim, porque de facto o estado calamitoso deste país a tanto deve obrigar.

As suas linhas escritas no Expresso, só enganam os incautos. “Sinto uma força a crescer-me nos dedos e uma raiva a nascer-me nos dentes”, afirma o senhor. Só agora? Então e nunca lhe deu um arrepio pela medula-espinhal abaixo, ou acima, noutras alturas? Ora vá lá encher-se de moscas mais o que pensa e escreve! Mais uma vez se atrasou no cálculo de estatísticas e probabilidades e, sendo assim, até eu opino do modo como o meu amigo faz, tão matematicamnte letrado, ou numerado.

O seu modo discursivo de pôr a coisa, parece-se exactamente como o dos políticos que temos. 'Eu é que sou um bom primeiro e o que me antecedeu era uma nulidade'. A menos que também já tenha essa miragem de chegar aos assentos da Assembleia da República. Acredito mesmo que, quem assim fala, algum objectivo, que não o de dar a mão a quem mais precisa, tenha. Insondável por enquanto mas perceptível desde logo.

Não será essa sua decepção uma dissimulação? Como antes referi, Sócrates ou Passos, são iguais . Como agora refiro, economistas feitos o senhor Nicolau Santos, também não são flores que se cheirem. Ser-se falso com uma certa candura ou bonomia, na apreciação de um governo e impetuosamente contra um outro, cheira-me sempre a ser do F.Clube do Porto e do S.L.Benfica. Mas isso são “futebóis”.

Falar para o povo que compra o seu jornal, é outra coisa completamente diferente. Fundir-se num papel, numa máscara, numa aparência, às vezes resulta num serviço de limitada utilidade imediata. Não vai ser com os seus sempre atrasados e demasiados sectários artigos de opinião que as famílias do baixo povo, aquelas que foram sempre obrigadas a lutar pela existência sob a opressão das contrições e de severas escravidões, se vão ver livres destas amarras.

Quando o vir a escrever de modo menos enunciativo e mais descomprometido politicamente, então sim, saudá-lo-ei por estar a falar de maneira isenta e tão-só amiga de quem precisa de mão afável. Até lá já não há pachorra para tantos dislates e usuais diatribes nem para as palavras incendiárias e agressivas que continuadamente "bolsa" quando mais lhe convém.

É tão lindo e bom o desengajamento político que até já creio que, Sócrates, Passos, economistas e alguns jornalistas, são o mal de toda a nossa lusa-pátria. Comprem o divã que foi de Freud e meditem, meditem ....

Mário Rui